Entrevistas
Conheça o jovem que transformou a insatisfação de Jorge Matavel em música
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Nos últimos tempos, em Moçambique, assiste-se a um crescimento significativo do número de aspirantes à produção musical, de tal forma que torna-se necessário e importante encontrar novas formas de dar a conhecer o trabalho. É nesta lista em que se encontra o jovem Tyrez Fly ou Hermenegildo Tseco, que viu nas reportagens e vídeos engraçados, uma forma única de apresentar as suas produções musicais.
Tyrez pretende revolucionar deste modo, a produção musical, e em conversa com a Xigubo contar a sua história de vida na música, abrindo simultaneamente a nossa saga de Podcast para o ano de 2022, revelando como entrou para o ramo musical, ideias, metas e projectos.
Tyrez Fly surge como nome artístico quando decidiu levar a sério a postura de um artista, e como nem todos o apoiavam ou percebiam o que estava a fazer, dedicou seu nome artístico a si e suas 4 primas, T (Tseco), Y (Yolanda), R (Raquel), E (Elisa) Z (Zuleica), e o Fly foi “porque o Facebook não me deixou colocar outra coisa”.
Apesar de ter vivido de forma intensa o rap durante o ensino médio, somente revelou aos seus progenitores que estava no mundo musical com a conclusão da décima segunda classe.
“Tive coragem e falei para a minha família que sou artista, resistiram, mas por pouco tempo”.
Depois de não conseguir admitir na faculdade, passou por um momento depressivo, e distanciou-se das pessoas, tornando o seu quarto no seu mundo, “quando estás deprimido ninguém te entende e não vês ninguém para te ajudar”.
Com início da Covid-19, percebeu que precisava mudar de postura e usar os seus 3 talentos ao seu favor, “sempre puxei esse lado de Design Gráfico, composição musical e a produção, então uni o útil ao agradável usando os memes que tinha no celular”, construído uma ideia que tem por fim último rentabilizar seu trabalho, “Resolvi trazer o mesmo produto, mas com a componente meme e vídeo, algo que ainda não era explorado, uma ideia muito nice, pois, se a pessoa não partilha porque gostou da instrumental, será pelo vídeo engraçado ou pelo design”.
Deste conceito, nasceu o seu primeiro vídeo “Mototaxi”, que considera o seu filho sortudo, por ter tornado popular o seu trabalho, e sentiu-se motivado a continuar de tal forma que começou a investir mais em conhecimento nas áreas de design e produção com vista uma versatilidade.
Em destaque para os frutos colhidos, Tyrez Fly produziu a série “Freestyle o Julgamento” do rapper moçambicano Nikotina KF, num total de 8 capítulos que contaram com a participação de rappers e famosos como Fred Jossias, Txiobullet, Salésio do Pânico, Maxh e Bander em analogia ao julgamento das dívidas ocultas no país, Tyrez conta que foi uma colaboração muito divertida.
Ainda sobre frutos, segundo revelou, o produtor foi contactado por uma empresa de produção de conteúdos digitais portuguesa que se mostrou interessada em seus trabalhos, estando com condição residir em Portugal e apenas produzir para a empresa, “tive que recusar, porque não vai de encontro com a minha ideia, eu quero mostrar que em Moçambique há talento e podemos fazer tudo sem deslocar-nos, se um artista internacional precisa de nós que venha”
Em seus projectos, para além de mostrar o talento moçambicano, perspectiva trabalhar em vídeos de longa duração que superem 1 minuto e a qualidade que apresenta actualmente, e tem uma meta de 300 vídeos para este ano, e acredita que igual aconteceu no ano passado voltará a chamar atenção de artistas de lusofonia, sendo a meta revolucionar a forma como as instrumentais são apresentadas pelos produtores e propor um patriotismo com o que é moçambicano.
Entrevistas
AOPDH prepara primeiro show a solo
O grupo AOPDH prepara-se para realizar o seu primeiro show a solo, intitulado Peta Trap no dia 12 de outubro, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, na cidade de Maputo,
Para o grupo, o evento marca um momento especial na carreira do grupo, que tem construído sua trajectória com parcerias, mas agora celebra a realização de um show próprio.
Em entrevista, os membros do grupo afirmaram que este é um dos primeiros eventos onde têm total controle criativo, o que proporcionará uma experiência mais próxima e personalizada para o público.
Segundo a AOPDH, o show será uma oportunidade única para os fãs verem de perto uma performance que reflecte directamente a essência do grupo, com músicas que abordam questões da sociedade de forma sincera e sem filtros.
Durante a entrevista destacaram a importância de cantar em línguas locais, como tem feito em seus trabalhos, o que representa o cotidiano e a cultura do sul de Moçambique. Para eles, a música vai além do mercado e do marketing, sendo uma forma de expressão autêntica, conectando-os ao público de maneira significativa.
Os integrantes da AOPDH também ressaltaram que o show será uma chance de criar um espaço de diálogo e interação com os fãs, algo que ainda é escasso no cenário musical local. O grupo, prometeu uma apresentação que não apenas revela a profundidade de suas letras, mas também oferece uma experiência de palco memorável, com energia e proximidade.
“Acreditamos que quem vai nos conhecer no show, vai ter uma boa experiência de certeza” disse Phiskwa membro da AOPDH. Este show, cujo a entrega está condicionada ao pagamento de 100 a 200 meticais,terá uma transmissão em directo, no Youtube da 16 Cenas.
Entrevistas
Rumo ao seu lugar no rap, Nélio OJ lança “Ninguém Fará por Nós”
O rapper moçambicano Nélio OJ lançou recentemente o seu novo projecto, “Ninguém Fará por Nós”, com uma mensagem clara e urgente: a responsabilidade de transformar Moçambique está nas mãos dos seus cidadãos, especialmente da juventude.
O título da mixtape reflecte o descontentamento de Nélio ao observar que muitos moçambicanos estão a desistir de lutar por um futuro melhor.
Nélio OJ revela que o início da sua carreira foi marcado por desafios. Ao fazer parte de um grupo onde era o único com uma visão interventiva para o rap, teve de se adaptar ao ambiente, algo que, apesar das dificuldades, o ajudou a ganhar experiência na cena musical.
Após a separação do grupo, sentiu-se livre para seguir o seu próprio caminho e dar vida ao estilo de rap que sempre desejou produzir.
“Cometi alguns erros, mas foram esses erros que me tornaram o que sou hoje”, reflete o rapper. Ele destaca que, embora a carreira de rapper em Moçambique seja desafiante, não vê isso como motivo para desistir.
Inspirado pela realidade moçambicana, os desafios sociais, políticos e as dificuldades enfrentadas pela sociedade no dia a dia, Nélio OJ busca utilizar a sua música como um reflexo desses problemas e uma chamada à ação. A mixtape “Ninguém Fará por Nós” é um projecto pessoal, que Nélio descreve como o seu “BI artístico”, um meio para que o público conheça o verdadeiro artista por trás das letras.
OJ cita como influências nomes de peso tanto da cena nacional quanto internacional, como Azagaia, Valete, Emicida, Gabriel o Pensador, MC Marechal, Eminem, J Cole, Nas, Hernâni da Silva e MCK, de quem ele procura absorver elementos que o inspiram a continuar a sua jornada.
O principal objetivo de Nélio com este projecto é evoluir profissionalmente e levar a sua música ao maior número possível de moçambicanos, sejam eles apreciadores de rap ou não. “Quero que as minhas letras sirvam de inspiração para as pessoas, que libertem e curem mentes”, conclui o artista, deixando claro que a sua missão vai além do entretenimento, buscando impactar e transformar vidas por meio da sua arte.
Entrevistas
Franklin Gusmão e Elton Penicela apresentam “Flow da Munhava”
“Flow da Munhava” é o novo trabalho discográfico que uniu mais uma vez Elton Penicela e Franklin Gusmão, para juntos criarem letras com histórias do cotidiano em ritmos moçambicanos e trap.
Disponível em algumas plataformas de streaming, o trabalho colaborativo oferece uma experiência auditiva única. Em uma entrevista a Xigubo, Franklin Gusmão revelou as inspirações e o processo criativo por trás deste projecto.
Franklin Gusmão revelou no início da nossa conversa que uma das coisas que mais ama neste projecto é o facto de ter sido feito de forma espontânea, facilitado pela química entre ele e Elton.
Explica ainda que a inspiração para criar o alter ego GUSTTAVO e a mixtape veio da necessidade de representar a terra que viu seus pais crescer, Sofala. Franklin desenvolveu essa vontade quando viveu lá por um tempo, e acredita que a representação é perceptível no sotaque do GUSTTAVO.
O processo criativo por trás das músicas foi simples devido à parceria sólida entre os dois artistas, segundo contam. Elton enviava os beats ou Franklin os pedia, e, com base no que ouvia, reencarnava GUSTTAVO, e o resto se desenrolava naturalmente.
“Não podemos esquecer das nossas raízes” – Franklin Gusmão
Essa facilidade de colaboração resultou em uma fusão harmoniosa de ritmos nacionais e trap, com a intenção de manter a representatividade e não esquecer as raízes culturais. Franklin acredita que não é necessário buscar samples estrangeiros para fazer bons beats, e Elton tem demonstrado isso em suas produções, misturando elementos tradicionais com toques modernos para a nova geração.
A fusão de ritmos presentes em “Flow da Munhava” é um subgênero que os artistas chamam de “808qTwerka”. O 808, um tipo de baixo popular em instrumentais de trap, é programado de maneira não convencional, criando uma batida que incita o público a dançar. Este é o segundo projecto que apresenta esse gênero após “Selesti” com Rober Mavila.
A criação de um alter Ego para expor sentimentos ocultos
Franklin revelou que nunca escreveu as músicas na primeira pessoa; embora alguns o chamem de Gusttavo, apenas interpreta essa persona. Gusttavo não é tratado como uma pessoa, mas como um sentimento, uma ideia, uma representação da luxúria presente nos homens, daí que acredita que todo homem tem pensamentos ocultos que não são expressos por questões de ética.
Gusttavo é a representação desses pensamentos ocultos em sua forma mais pura e sem filtros. Ele afirma que nunca diria ou faria o que Gusttavo diz fazer, mas admite que já teve esses pensamentos, assim como todos nós já tivemos em algum momento.