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Entrevistas

“Talento melhora-se com ciência”- Bruno Belchior

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Quem não conhece o ditado “Filho de peixe, peixinho é, e sabe nadar”? Este ditado é totalmente aplicável para Bruno Belchior, um jovem que vem conquistando seu lugar no ramo artístico através do Stand Up Comdey e da ilustração de imagens animadas e inanimadas.

Quem não conhece o ditado “Filho de peixe, peixinho é, e sabe nadar”? Este ditado é totalmente aplicável para Bruno Belchior, um jovem que vem conquistando seu lugar no ramo artístico através do Stand Up Comdey e da  ilustração de imagens animadas e inanimadas.

Iniciou sua carreira em 2010, quando escreveu e encenou sua primeira peça teatral. Mas foi no grupo Improriso, que teve sua primeira experiência num palco de Standup Comedy, iniciando desta forma a sua careira profissional, e desfilando a sua classe e talento na primeira televisão em Moçambique (TVM).

Numa conversa com a Xigubo,  o humorista e ilustrador gráfico, contou-nos sobre a sua entrada no mundo da ilustração e comédia, suas metas para o ano 2022 e a importância de conciliar o conhecimento empírico ao científico, no ramo artístico.

Falando sobre a sua ingressão no mundo da comédia assim como na ilustração gráfica, revelou que sempre foi apaixonado por estas duas áreas, pois cresceu vendo os rabiscos e produtos finais do seu pai (Sérgio Zimba), e a semente foi crescendo, mas ao passar do tempo foi pressionada a seguir outras áreas, algo que não deu muito certo, pois hoje escrevemos sobre ele.

Falando sobre a sua ingressão no mundo da comédia assim como na ilustração gráfica, revelou que sempre foi apaixonado por estas duas áreas, pois cresceu vendo os rabiscos e produtos finais do seu pai (Sérgio Zumba), e a semente foi crescendo, mas ao passar do tempo foi pressionada a seguir outras áreas, algo que não deu muito certo, pois hoje escrevemos sobre ele.

Numa conversa com seu pai, ficamos a saber que sempre foi renitente em querer estudar artes, apesar da negação na família, e chegou a parar de desenhar. Pode contar-nos como fez para lidar com essa situação? 

A renitência foi breve. O que acontece é que quando temos alguém próximo com as credenciais e fama do meu pai, as expectativas das pessoas acabam sendo prejudiciais, amigos e conhecidos comparavam meus desenhos com os do meu pai, eu jamais conseguirei desenhar como ele, então com algum crescimento pessoal acabei aceitando que sempre existirão comparações e voltei a desenhar quando iniciei meu curso de Design de Comunicação

Qual é a importância de buscar conhecimento científico para trabalhar nas artes?

O senso comum diz que arte vem do coração, mas até o que vem do coração precisa de alguma ciência pra ser extraído de forma óptima nós precisamos estudar os que vieram antes de nós, precisamos aprender técnicas, precisamos entender como os elementos funcionam para criarmos. A inspiração interior é fundamental, mas aprender as técnicas e a ciência é a base para criação de arte de qualidade.

“A arte vem do coração, 

é inspiração, mas a técnica para melhor 

apresentar buscamos na carteira” – Bruno Belchior

É sabido por todos e inegável que Bruno Belchior é uma das caras da comédia nacional, qual é a avaliação que faz da comédia nacional na actualidade?

A comédia moçambicana é muito boa, podemos competir e ganhar muitos nos PALOP e CPLP. Entretanto existem desafios a serem conquistados. Precisamos nos divulgar mais, muito mais, precisamos nos dar a conhecer. Até hoje existem pessoas que não sabem que Moçambique tem standup comedy, mas existe desde 2008.

Só assim vamos poder conquistar muitas outras coisas, programa de rádios, televisivos, superespectáculos, shows internacionais, contratos de patrocínio etc… é que sem sermos conhecidos ninguém vai investir e sem investimento não há crescimento.

É possível notar uma certa insatisfação dos comediantes quanto aos memes, qual é o seu posicionamento quanto a isso?

Como um memeiro eu próprio, é complicado tomar posição, mas é bem simples, existem humoristas que usam memes como meio para expressar piadas, mas a maior parte dos memeiros não são propriamente “comediantes”, muitos memes são engraçados mas é necessário um pouco mais pra alguém ter essa designação de comediante.

Um humorista tem que ter intenção e método de criação de conteúdo cómico, o que meus colegas comediantes discordam é com a apropriação do termo por pessoas que apenas exploram itens da cultura popular pra ganharem risadas imediatas, um humorista é muito mais do que apenas isso.

Quais são as bases para ser um bom comediante?

Depende de cada pessoa, há humoristas que têm uma naturalidade para piadas, há comediantes que têm boa técnica de criação de piadas, há comediantes que têm bom olho para observação de situações e condição humana e há comediantes que têm tudo isso, em resumo a base fundamental para ser um bom comediante, é a inteligência para reconhecer uma boa oportunidade de piada.

Herdou a ilustração de seu pai? Como começa a trabalhar no mundo da ilustração?

Cresci a ver as caricaturas do meu pai no jornal Domingo, na altura rubrica Coisas de Maputo e desde cedo tive interesse em livros de banda desenhada. O interesse pelo desenho nasceu e cresceu naturalmente, sempre desenhei, sempre fiz bandas desenhadas curtas em papel A4, cadernos da escola, cartolina, pedaços de caixa, onde eu pudesse desenhar.

Em 2001 participei num workshop com a Associação Internacional de Banda DesenhadaWorld Comics ao lado de muitos nomes sonantes da ilustração moçambicana (Zimba, Zacarias Chemane, Sendane, Neivaldo, Sandra Pizura, entre outros).

Desse workshop, surgiu o meu primeiro trabalho profissional de ilustração, uma banda desenhada educativa sobre o tratamento apropriado de crianças com deficiência mental produzida para a Save the Children e ACRIDEME. Ainda era jovem, mas a pedra estava lançada e continuei a desenhar por prazer e como serviço até hoje.

Como funciona o processo criativo dessas artes?

O processo varia por trabalho, a arte é baseada no conteúdo solicitado e para as ilustrações que faço por prazer varia a forma como inicia, tem que haver alguma coisa que me inspire a desenhar, alguém, algum acontecimento, uma memória, um desejo, uma piada, por ai.

Assim que a ideia se estabiliza, com o lápis e o papel desenho um rascunho procurando as melhores formas para materializar a ilustração, posso levar horas ou minutos dependendo da inspiração.

O rascunho a lápis serve de base para a criação final em forma digital as cores com recurso a computador e softwares de criação e edição, ultimamente tenho tido o habito de gravar o processo de digitalizar as ilustrações para partilha nos meus terminais de redes sociais, pois pretendo fazer crescer estas páginas.

Em que contexto nasce “Aina & Echo e o Mistério da Floresta de Brócolos

Gosto de fazer desenhos/caricaturas de amigos meus. Aina é uma amiga minha a quem eu devia uma caricatura que ela ganhou no Amigo Oculto.

Quando desenho pessoas por prazer, tento retratar factos sobre elas de forma exagerada e/ou engraçada. Aina é vegana, tem uma tartaruga de estimação e gosta de filmes, então desenhei ela como personagem de um filme de aventura com a tartaruga dela no meio de uma floresta de vegetais.

Mesmo para fechar, o que podemos esperar de ti, neste ano.

“Regresso aos palcos”

Este ano estou de volta aos palcos em shows de stand-up, estou activo nas ilustrações e vídeos que poderão ver nas minhas páginas, gostaria de terminar um projecto de banda desenhada ou filme curto.

Nesta conversa ficamos a saber do contexto de criação do grupo “Os Matrecos”, que surgiu espontaneamente, uma vez que os membros Abel Bartolomeu, Macandza, Menezes, Bruno e Abul, já realizavam shows individuas ou em dupla, o que resultou com a oficialização do grupo, segundo Belchior, “Os Matrecos”, são formigas num só buraco, uma vez que cada membro te seu próprio estilo, mas unem-se para apresentar um só produto.

Entrevistas

Mbudzi Chi Moio reagrupa heróis do rap moçambicano

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Mbudzi Chi Moio reagrupa heróis do rap moçambicano

O projecto “+258 Heróis” tem sido uma força motriz no rap de Moçambique, ao reunir os heróis do rap moçambicano, com destaque para a nova escola. Recentemente, tivemos a oportunidade de conversar com Mbudzi Chi Moio, um dos responsáveis pelo projecto e pelo estúdio Cypher, onde foram gravadas as músicas do projecto. Em nossa entrevista, exploramos o impacto social e cultural do “+258 Heróis“, seus objectivos no cenário da música Hip-Hop, e o significado por trás do tão aguardado lançamento do álbum “REAGRUPAR“.

Desde o início, em 2020,  o “+258 Heróis” tem servido como um ponto de encontro para artistas em ascensão e não só, sendo uma plataforma onde as ferramentas de negócios são trocadas e onde a experiência é compartilhada entre pessoas de diferentes origens. De acordo com Mbudzi Chi Moio, o projecto é uma verdadeira “Liga dos Campeões”, o que fortalece a comunidade musical em Moçambique.

Mbudzi Chi Moio reagrupa heróis do rap moçambicano

Quando questionado sobre os principais objectivos do projecto no cenário da música Hip-Hop, Mbudzi Chi Moio enfatizou que o “+258 Heróis” é uma união feita por moçambicanos para moçambicanos. O projecto busca alcançar escolas e estar presente na vida da juventude moçambicana. “Um dos objectivos é realizar festivais nacionais em cada província, anualmente“, disse, destacando o compromisso do projecto em fortalecer a indústria musical local e oferecer oportunidades aos artistas emergentes.

A gravação do álbum “REAGRUPAR” foi uma experiência magnífica, de acordo com Mbudzi Chi Moio. Durante essa conversa, compartilhou que, embora a tecnologia tenha facilitado o processo, a colaboração entre artistas de diferentes regiões de Moçambique trouxe seus desafios. No entanto, o resultado é uma obra que reflecte a diversidade e a riqueza do cenário do Hip-Hop no país, algo que o projecto abraçou com responsabilidade.  

Mbudzi Chi Moio reagrupa heróis do rap moçambicano

Com três anos desde o lançamento do primeiro trabalho, “Matrícula vol1” tanto a organização quanto os artistas estão ansiosos para o novo lançamento, e esperam que o público ouça, se divirta e aprenda com as músicas, reforçando assim a missão do “+258 Heróis”.

Um facto curioso sobre o álbum a caminho, é que o título “Reagrupar”, a ser lançado no próximo mês Outubro, faz parte do primeiro álbum “Matrícula Vol 1“, é também o nome da musica promocional já lançada que conta com colaboração de  Mbudzi Chi Moio, Ray Breyka, Jay Arghh, Konfuzo 412, Hernâni  Trovoada, Lydasse, Case Graphics.

Video da música Reagrupar

A frequência deste nome, é uma chamada de atenção para a união entre a classe artística e não só, pois representa uma chamada de patriotismo. É um apelo a todos os moçambicanos para lutarem pelo que é deles, defender a pátria e chamar seus irmãos e vizinhos para unir forças. “É um hino de união, um lembrete de que juntos, podem alcançar grandes feitos”, revela Mbudzi.

Para alem dos nomes ja citados, o album conta com particiapcao de Nicko Journey, Hyuta Cezar, Masepurp, Ckarina Miller, Pita Shana, TMRS Awage, Cefa, Wylson Montana, TheeGuuy, Layerte, Sodoma736, King Cizzy, PURPLESWAG e Kingston Siriro

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“Muitos pensam que ter música na internet é o que mais vende, mas o que rende é estar no palco”, Denilson LA

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Denilson LA: Muitos músicos ainda estão enganados em pensar que vender música online é o que mais vende, mas o que rende é estar no palco a cantar

No fascinante cenário musical moçambicano, uma nova geração de talentos está a florescer, trazendo consigo uma perspectiva revigorante e uma paixão  incansável pela música. Denilson LA, jovem músico, é uma das vozes mais promissoras dessa cena. Em uma conversa com a Xigubo, Denilson compartilhou os caminhos que o levaram a fazer da música parte da sua história, as influências e como a sua geração está a moldar o futuro da música em Moçambique.

A Paixão Inabalável pelo Palco: As Raízes de Denilson LA

Minha primeira paixão foi estar no palco,” é desta forma que Denilson LA começa a contar-nos sobre as suas origens.  Para LA, o palco é mais do que um lugar, é uma dimensão onde se sente verdadeiramente vivo.

Sua jornada artística começou com uma profunda influência de ícones globais como Michael Jackson, Nelson Nhacungue e Rodrigo Faro, figuras cuja capacidade de entreter e alegrar o público juntou-se com o seu próprio desejo de fazer música ao vivo.

Durante seu percurso pelo ensino secundário, encontrou colegas que compartilhavam seu amor pela música. Isso revelou-se um ponto de viragem em sua carreira, pois, ao lado de seu amigo Yannick, decidiram fundar um grupo musical e gravar suas primeiras composições. Este período foi importante para si, uma vez que foi de experimentação e solidificação dos seus objetivos de vida.

“Muitos músicos ainda estão enganados em pensar que vender música online é o que mais vende, mas o que rende é estar no palco a cantar”

Denilson LA
Denilson LA no Centro Cultural Franco Moçambicano

Em um cenário musical dominado pela digitalização, Denilson LA abraça uma abordagem diferente, acredita firmemente que o verdadeiro poder da música reside nos palcos, onde pode estabelecer uma ligação directa e emocional com seu público. A moda também desempenha um papel importante em sua carreira, pois esforça-se para apresentar uma imagem artística que complementa sua voz poderosa, juntando todas as ferramentas possíveis para expressar-se de forma mais artística e impactar o seu público como um artista diferente dos demais.  

As músicas de Denilson LA cativam os ouvintes com letras profundas e narrativas que se desenrolam como segredos bem guardados. Faixas como “A Hora do Diabo” e “Vestido de Cetim,” presentes em seu último álbum, são ancoradas em experiências reais de sua vida. Essa autenticidade liga-o com seu público, e permite que se identifiquem com sua música de uma forma íntima e duradoura.

“Os artistas são a fuga da rotina das pessoas, a música relaxa e entretém as pessoas”

Denilson LA

A capacidade de Denilson LA de se conectar com seu público é uma parte essencial de sua estratégia artística. “Só posso cantar minhas próprias histórias, expressar o que sinto e permitir que as pessoas se identifiquem,” compartilhou, acrescentando que cada música é uma oportunidade de transmitir emoções genuínas e criar uma ligação especial com seus ouvintes, para além de servir de um relaxante para estes.

A criação de músicas é um momento sagrado para Denilson LA, onde permite que a música flua entre os intervalos instrumentais e o silêncio. Cada elemento contribui para a narrativa que ele deseja transmitir, tornando cada música uma história única que impacta profundamente seu público.

De “Sentimentos e Shit” a “Último Dia de Inverno”: Uma Evolução Inegável

Denilson LA traçou uma jornada notável desde seus trabalhos iniciais como “Sentimentos e Shit” até seu último álbum “Último Dia de Inverno“.Seu desenvolvimento como artista é evidente, com experiências ao longo do caminho moldando sua trajectória. No entanto, sua paixão inabalável pela música permanece constante.

Por motivos acadêmicos, Denilson LA teve parte de sua vida passada na Turquia. Durante esse período, gravou o projecto “Sentimentos e Shit” na casa de seu primo, onde passava as suas férias. A motivação para gravar essas músicas veio da necessidade de continuar a cativar os corações que tinha conquistado com sua música anterior “Um pouco”, que chegou aos ouvidos de Ell Puto, um dos maiores produtores musicais de Moçambique.

O nascimento do “Último Dia de Inverno”

O lançamento de “Último Dia de Inverno” coincidiu com a pandemia e uma decisão transformadora na vida de Denilson LA. Decidiu abandonar seus estudos na Turquia, para seguir o seu coração e ingressar na produtora Records Niozik, sua gravadora actual. Contou com a ajuda de Badjo, produtor moçambicano, que o deu a oportunidade de gravar no seu estúdio sem custos.

“Gravar último dia de Inverno, foi uma optima forma de aliviar o stress causado pela Covid -19 e os estudos”

O resultado foi um trabalho que fortaleceu sua conexão com Badjo, durante o processo que levou quase um ano e meio para ser concluído, devido às circunstâncias da pandemia.

Para continuar com a criatividade a fluir, LA revela quem tem se inspirado na vida, em si e em tudo que o rodeia, juntando vários artistas e vários gêneros musicais de diversos países, e é isso que o edifica como artista e o faz evitar ser estático. Sua influência no rap é grande de tal forma que bebeu destes a capacidade de escrever letras que impactem fortemente nas pessoas e acorde emoções nas pessoas.

Próximo Capítulo: “Casa Azul”

Denilson LA já está a se preparar para seu próximo álbum, “Casa Azul“, que preferiu deixar os detalhes em segredos, mas clarificando que continuará a surpreender e encantar seu público com uma sonoridade versátil e inovadora.

A relação entre Denilson LA e seus fãs, é mais do que uma simples conexão entre artista e público, considera os fãs sua família, por estes compartilharem momentos preciosos tanto no palco quanto nas redes sociais. Sua primeira apresentação solo, que teve lugar no espaço cultural 16 Neto, foi um testemunho desse vínculo, onde sentiu o calor e o entusiasmo de seu público.

“Seria muito egoísta em seguir meu sonho às cegas e deixar a deriva as pessoas que amo em casa”

Denilson LA

Denilson LA é o reflexo do talento e da determinação que caracterizam muitos artistas moçambicanos, que enfrentam desafios financeiros e a pressão social. Para seguir um caminho mais tradicional, encontrou a força para investir em sua carreira, mesmo enquanto continuava sua educação na Universidade Eduardo Mondlane.

Dentre vários desafios que o moldaram no que é hoje, o destaque está em ter que usar fundos próprios para investir em sua carreira, daí que precisa dividir-se em dois, e carregar a dúvida de qual lado investir mais, tendo em conta a sua idade e a necessidade de prover mais em casa.

Porém, mostra-se firme na música, e mesmo se conseguir um emprego na área contabilística, curso que frequenta na Universidade Eduardo Mondlane, será para subsidiar a sua carreira. O segundo desafio, são as limitações financeiras que enfrenta, principalmente para uma artista que caminha por si só, embora tenha a sua gravadora que investe apesar das suas limitações.

Denilson, acredita que aprende muito sobre disciplina e consistência, algo que leva também para o mundo artístico, o que o ajuda a gerir o seu tempo e funções como ser humano.

 “Se é algo que não estas disposto a esperar por 5 anos, nem vala pena começar”

Denilson é optimista sobre a nova geração de artistas moçambicanos, acredita que é incrivelmente sortuda por ter à disposição inúmeras formas de divulgar seu trabalho, além da tradicional televisão. Estes destacam-se pela independência e pela capacidade de criar músicas que vibram com suas próprias paixões e não apenas para atender às expectativas dos outros.

Para aqueles que desejam ingressar na música, Denilson LA oferece um conselho “tenham paciência e busquem crescimento não apenas como artistas, mas como seres humanos”, incentiva a exploração de várias formas de arte além da música, pois a inspiração pode ser encontrada em todos os lugares.

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Mbudzi Chi Moio: O maestro da produção musical

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Mbudzi Chi Moio: O maestro da produção musical em Moçambique

“A ideia é inspirar pessoas, servir de luz” – Mbudzi Chi Moio

Na indústria musical moçambicana, um nome destaca-se pela excelência e paixão artística, Mbudzi Chi Moio. Com significado intrínseco, “Mbudzi” quer dizer “Cabrito” (associado a “criança” ou “cabrito jovem”) e “Chi Moio” que traduz-se como “Coração Pequeno”, revela a profundidade e singularidade por trás de sua identidade e jornada artística.

Nascido como Brito Júlio Lemos da Silva, o nome “Mbudzi Chi Moio” foi carinhosamente dado por sua mãe, reflectindo sua percepção do carácter sincero de seu filho. No entanto, sua identidade não foi meramente moldada por suas raízes africanas, mas sim pela fusão de suas experiências diárias e sua história pessoal, que desempenharam um papel inspirador na escolha do seu nome artístico.

Crescendo em Chimoio, com um pai natural da Zambézia e uma mãe de Maputo, Mbudzi foi imerso em uma rica diversidade cultural. De Chimoio, absorveu valores de interdependência e compaixão, enquanto em Maputo, a capital de Moçambique, maravilhou-se com a energia e a riqueza das expressões culturais locais. Suas viagens frequentes a Maputo trouxeram constantemente novas influências para Chimoio, uma cidade que descreve como replecta de autoestima e linguagens locais.

Em conversa com a Xigubo, Mbudzi Chi Moio compartilhou a história por trás de seu nome e destacou a profunda influência que essas experiências tiveram na formação de sua identidade e carreira artística. Sua trajectória é uma jornada de autenticidade e autodescoberta, consolidando seu lugar como uma das figuras mais notáveis da cena musical em Moçambique.

 “Falar e fazer é o segredo” – Mbudzi Chi Moio

Reflectindo sobre sua jornada pessoal, Mbudzi Chi Moio reconhece o impacto significativo das influências internas e externas em sua evolução artística. À medida que amadurecia, percebeu que o antigo ditado “faça o que eu digo, não o que eu faço” não se aplicava a si, mas sim, que tanto as palavras quanto as ações devem se entrelaçar para efectuar uma mudança real.

Mbudzi Chi Moio: O maestro da produção musical em Moçambique

Via Facebook Mbudzi Chi Moio

Essa profunda percepção levou a uma transformação em seu nome e abordagem musical, com o objectivo de inspirar além dos limites da indústria musical e impactar positivamente na vida dos moçambicanos. Mbudzi acredita firmemente no poder da música como uma ferramenta para educar as futuras gerações e oferece-se voluntariamente para transmitir o melhor de si por meio de sua arte.

Desde seus primeiros dias em Chimoio, Mbudzi Chi Moio envolveu-se em intercâmbios artísticos com músicos de diferentes províncias por meio da internet. Seu papel como produtor musical e engenheiro de som, a trabalhar em estúdios renomados em Chimoio, o posicionou como um provedor de serviços. Ao mudar-se para Maputo, teve a oportunidade de colaborar com seus ídolos de infância, incluindo DNA, Sameblood e IBS, entre outros.

Cada colaboração ofereceu experiências únicas, estimulando sua mente e disposição para compartilhar seu conhecimento. É esse espírito de aprendizado contínuo e colaboração que moldou sua jornada até aos dias de hoje. Vale destacar que desempenhou um papel fundamental na produção de “Punchlines for Days” de Hernâni, sendo o único produtor presente em todas as três partes da discografia.

“É uma experiência extraordinária desempenhar simultaneamente três papéis na Cypher” – Mbudzi Chi Moi

A carreira multifacetada de Mbudzi Chi Moio apresenta o desafio de equilibrar seus papéis como rapper, produtor e chefe executivo no estúdio de música Cypher. Reconhecendo a natureza dinâmica de seu trabalho, enfatiza a necessidade de priorizar diferentes funções em diferentes momentos. Como produtor, contribui activamente com sua expertise para aprimorar o trabalho de todos os utilizadores do estúdio, entendendo que as pessoas procuram os estúdios Cypher buscando sua orientação. No entanto, em seu papel como chefe executivo, enfrenta desafios adicionais ao lidar com as interações entre artistas.

Em alguns casos os artistas podem ser defensivos devido à sua dupla posição como um rapper e colega, levando a uma interpretação pessoal de suas interações com o chefe executivo. No entanto, Mbudzi Chi Moio reconhece que essa dinâmica promove um ambiente onde todos têm o direito e a oportunidade de expressar suas preocupações, oferecer opiniões e até mesmo negociar descontos directamente com o chefe, acrescenta com um sorriso.

Falando sobre a sua vida multidimensional, Mbudzi Chi Moio revelou que aprende muito com os artistas que encontra, compreendendo intimamente seus sonhos e desafios. Como produtor e executivo, possui a habilidade de ajudar a realizar alguns desses sonhos e resolver os problemas dos artistas.

Ao falar sobre seus projectos recentes, Mbudzi Chi Moio revelou o significado por trás de seus álbuns. “Nova Poluição” incorpora mensagens de autoestima, autovalorização e celebração de metas alcançadas. A resposta entusiasmada do público levou à demanda por um segundo álbum, que entregou com prazer. “Memórias, Escolhas, Histórias” é uma compilação de faixas lançadas e inéditas, mostrando seu extenso repertório. Esse álbum serve como uma homenagem ao rap, um gênero que ele planeja explorar ainda mais à medida que se aventura por outros estilos musicais.

Além de seus empreendimentos solos, Mbudzi Chi Moio também aventura pelo mundo da publicidade, apesar dos desafios que a área traz para si, uma vez que criar músicas para publicidades e filmes exigiu uma mudança de sua abordagem habitual, mais introspectiva, tendo que passar a ser conciso, directo e persuasivo em suas composições de forma a alianhar com os objectivos do mundo corporativo.

Conforme nossa conversa chegava ao fim, Mbudzi Chi Moio expressou sua perspectiva optimista para o futuro da música moçambicana e acredita que o país está em boas mãos. O rapper visualiza um amanhã em que muitos dos desafios da nação serão resolvidos e antecipa o surgimento de artistas moçambicanos reconhecidos internacionalmente e motiva seus colegas tornarem-se mais hábeis em negócios, abraçando seu papel como embaixadores de seu próprio destino.Encoraja também a estudar os prós e contras de suas carreiras escolhidas e enfatiza que, como filhos de Deus, possuem o poder de manifestar seus próprios destinos.

Olhando para o futuro, os planos de Mbudzi Chi Moio são ambiciosos, uma vez que visa elevar o padrão dos estúdios de música em Moçambique, melhorar a qualidade da música produzida, promover uma abundância de lançamentos musicais em escala industrial por meio de seu projecto +258 Heróis” e fornecer ferramentas que aprimorem o negócio da música. Além disso, quer inspirar todos os moçambicanos a sonhar grande e se tornarem a melhor versão de si mesmos, acreditando firmemente que o melhor produto tem origem em Moçambique.

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