Entrevistas
“Pretendo deixar um legado comparado com do Samora Machel”-Rupia Júnior
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Rupia Júnior é o primeiro artista da sua família, e teria começado a sua arte de forma inconsequente durante a sua infância, mas revela-se ao mundo através do Projecto Kadore Entretenimento fundado por si ao lado de Milton Tinga com o intuito de fortalecer o cinema moçambicano.
Em conversa com Xigubo o roteirista e comediante moçambicano, vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no ano passado na “Mostra Itinerário de Cinema Negro”, partilhou a sua história, entrada no mundo da sétima arte e comédia, desafios enfrentados, sonhos e projectos.
Segundo o que contou, no início da sua carreira o sonho não foi aceite pelos seus progenitores, uma vez que idealizavam um outro futuro para ele, diferente do de ser roteirista. Chegou a entrar numa instituição de ensino superior, mas sentiu-se perdido por estar a cursar algo não relacionado ao seu sonho, foi quando conversou com a sua mãe e contou que pretendia abandonar o curso, e começaria a investir no que realmente gosta, o cinema.
“Na altura o meu colega Waidee estava a trabalhar numa empresa séria de Designer e preste a ser promovido, entre nós, ele estava um pouco mais avançado, mas deixou o job para dedicar-se a Kadore. Ficamos nessa, comecei a trabalhar como caixa, todos na expectativa de me ver desistir, as coisas começaram a melhorar, veio o dinheiro, a cena do Brasil, o assédio e toda hora na TV, as pessoas começaram a falar. Daí veio a verdadeira aceitação deles.”
Na Kadore Entretenimento Rupia escrevia roteiros com um lado cómico, o que levou a ser aconselhado pelos seus colegas a seguir o caminho da comédia, daí que em 2018 iniciou uma investigação sobre o estágio da área em Moçambique, e na mesma altura conhece Menezes Chilaule e Txopito que o deram a oportunidade de subir no palco pela primeira vez e contar piadas. A recepção do público o agradou de tal forma que continuou a investir no ramo.
Em 2019 conheceu o comediante Rico que considera como sendo seu mentor, e organizou o seu primeiro Show intitulado “Testando Piadas” onde juntou novos comediantes com o intuito de agregar valores no mercado e ajudar mais pessoas, por acreditar que para uma área crescer, precisa de muitas pessoas a trabalhar na mesma.
“Fizemos acontecer, o Show estava marcado para novembro, mas tivemos imprevisto e ficamos com 5 de dezembro, um mês de exame para alunos e para os que tinham passado a primeira época estavam a viajar, ali era fazer ou cancelar, e para piorar, a previsão é que choveria naquele dia. Mas epah, já tínhamos investido e vendido uma boa parte dos bilhetes.”
Em 2020 lança “Show de Amigos” onde buscou dar visibilidade a comediantes emergentes de forma a dar espaço e visibilidade aos mesmos, não tendo sido sido um êxito por conta da situação que o país atravessava (Covid-19) e quando o Presidente abriu as portas, as pessoas que provavelmente iriam ao show viajaram. Em 2021, resolveu dar férias à comédia e investir na sua carreira como roteirista e cineasta iniciada há 6 anos.
Impacto do Prémio Melhor Roteirista na sua vida pessoal e na kadore entretenimento
“Januário, o Engenheiro a Distância”, uma crítica ao sistema de ensino nacional em tempos de pandemia, destacou-se no “Mostra Itinerário de Cinema Negro” em Brasil, como o filme com melhor roteiro, o que torna Rupia Júnior melhor roteirista do ano 2021. Acto que o roteirista considera uma valorização inestimável, pois, foi a primeira vez que foi premiado e o filme ganhou na sua categoria.
“Conseguimos expandir a marca e a intenção da Kadore Entretenimento, não é só ser um grupinho de dois gajos que deixaram de estudar para fazer cinema. Queremos ser uma plataforma que vai criar entretenimento a nível africano. Quero que os próximos gajos que querem fazer cinema tenham referências, um exemplo a seguir. Arte não traz dinheiro, mas as coisas estão a mudar, hoje em dia há quem vive de TikTok e consegue alimentar a família, agora resta saber se para ti alimentar a família é pouco ou muito. Queremos elevar a fasquia do entretenimento.”
Olhando para o cinema moçambicano, o cineasta tece que a comunidade dos cineastas fala muito e pouco faz. já convidado para entrar em debates ligados a área e rejeitou, pois, para existir dificuldades é necessário um mercado dinâmico, onde não se desmotive novos artistas. E acrescentando que os mais velhos da indústria querem viver de legados e trabalhos passados, o que o leva a não ter referências em Moçambique.
“Prefiro ver gajos de fora, que não têm medo de arriscar”, num caminho que se faz com a intenção de “deixar um legado para meus filhos, netos e o país. É algo que poucos moçambicanos conseguiram, e dos que conseguiram morreram há muito tempo, legado comparado ao do Samora, José Craveirinha e Malangatana”.
Entrevistas
AOPDH prepara primeiro show a solo
O grupo AOPDH prepara-se para realizar o seu primeiro show a solo, intitulado Peta Trap no dia 12 de outubro, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, na cidade de Maputo,
Para o grupo, o evento marca um momento especial na carreira do grupo, que tem construído sua trajectória com parcerias, mas agora celebra a realização de um show próprio.
Em entrevista, os membros do grupo afirmaram que este é um dos primeiros eventos onde têm total controle criativo, o que proporcionará uma experiência mais próxima e personalizada para o público.
Segundo a AOPDH, o show será uma oportunidade única para os fãs verem de perto uma performance que reflecte directamente a essência do grupo, com músicas que abordam questões da sociedade de forma sincera e sem filtros.
Durante a entrevista destacaram a importância de cantar em línguas locais, como tem feito em seus trabalhos, o que representa o cotidiano e a cultura do sul de Moçambique. Para eles, a música vai além do mercado e do marketing, sendo uma forma de expressão autêntica, conectando-os ao público de maneira significativa.
Os integrantes da AOPDH também ressaltaram que o show será uma chance de criar um espaço de diálogo e interação com os fãs, algo que ainda é escasso no cenário musical local. O grupo, prometeu uma apresentação que não apenas revela a profundidade de suas letras, mas também oferece uma experiência de palco memorável, com energia e proximidade.
“Acreditamos que quem vai nos conhecer no show, vai ter uma boa experiência de certeza” disse Phiskwa membro da AOPDH. Este show, cujo a entrega está condicionada ao pagamento de 100 a 200 meticais,terá uma transmissão em directo, no Youtube da 16 Cenas.
Entrevistas
Rumo ao seu lugar no rap, Nélio OJ lança “Ninguém Fará por Nós”
O rapper moçambicano Nélio OJ lançou recentemente o seu novo projecto, “Ninguém Fará por Nós”, com uma mensagem clara e urgente: a responsabilidade de transformar Moçambique está nas mãos dos seus cidadãos, especialmente da juventude.
O título da mixtape reflecte o descontentamento de Nélio ao observar que muitos moçambicanos estão a desistir de lutar por um futuro melhor.
Nélio OJ revela que o início da sua carreira foi marcado por desafios. Ao fazer parte de um grupo onde era o único com uma visão interventiva para o rap, teve de se adaptar ao ambiente, algo que, apesar das dificuldades, o ajudou a ganhar experiência na cena musical.
Após a separação do grupo, sentiu-se livre para seguir o seu próprio caminho e dar vida ao estilo de rap que sempre desejou produzir.
“Cometi alguns erros, mas foram esses erros que me tornaram o que sou hoje”, reflete o rapper. Ele destaca que, embora a carreira de rapper em Moçambique seja desafiante, não vê isso como motivo para desistir.
Inspirado pela realidade moçambicana, os desafios sociais, políticos e as dificuldades enfrentadas pela sociedade no dia a dia, Nélio OJ busca utilizar a sua música como um reflexo desses problemas e uma chamada à ação. A mixtape “Ninguém Fará por Nós” é um projecto pessoal, que Nélio descreve como o seu “BI artístico”, um meio para que o público conheça o verdadeiro artista por trás das letras.
OJ cita como influências nomes de peso tanto da cena nacional quanto internacional, como Azagaia, Valete, Emicida, Gabriel o Pensador, MC Marechal, Eminem, J Cole, Nas, Hernâni da Silva e MCK, de quem ele procura absorver elementos que o inspiram a continuar a sua jornada.
O principal objetivo de Nélio com este projecto é evoluir profissionalmente e levar a sua música ao maior número possível de moçambicanos, sejam eles apreciadores de rap ou não. “Quero que as minhas letras sirvam de inspiração para as pessoas, que libertem e curem mentes”, conclui o artista, deixando claro que a sua missão vai além do entretenimento, buscando impactar e transformar vidas por meio da sua arte.
Entrevistas
Franklin Gusmão e Elton Penicela apresentam “Flow da Munhava”
“Flow da Munhava” é o novo trabalho discográfico que uniu mais uma vez Elton Penicela e Franklin Gusmão, para juntos criarem letras com histórias do cotidiano em ritmos moçambicanos e trap.
Disponível em algumas plataformas de streaming, o trabalho colaborativo oferece uma experiência auditiva única. Em uma entrevista a Xigubo, Franklin Gusmão revelou as inspirações e o processo criativo por trás deste projecto.
Franklin Gusmão revelou no início da nossa conversa que uma das coisas que mais ama neste projecto é o facto de ter sido feito de forma espontânea, facilitado pela química entre ele e Elton.
Explica ainda que a inspiração para criar o alter ego GUSTTAVO e a mixtape veio da necessidade de representar a terra que viu seus pais crescer, Sofala. Franklin desenvolveu essa vontade quando viveu lá por um tempo, e acredita que a representação é perceptível no sotaque do GUSTTAVO.
O processo criativo por trás das músicas foi simples devido à parceria sólida entre os dois artistas, segundo contam. Elton enviava os beats ou Franklin os pedia, e, com base no que ouvia, reencarnava GUSTTAVO, e o resto se desenrolava naturalmente.
“Não podemos esquecer das nossas raízes” – Franklin Gusmão
Essa facilidade de colaboração resultou em uma fusão harmoniosa de ritmos nacionais e trap, com a intenção de manter a representatividade e não esquecer as raízes culturais. Franklin acredita que não é necessário buscar samples estrangeiros para fazer bons beats, e Elton tem demonstrado isso em suas produções, misturando elementos tradicionais com toques modernos para a nova geração.
A fusão de ritmos presentes em “Flow da Munhava” é um subgênero que os artistas chamam de “808qTwerka”. O 808, um tipo de baixo popular em instrumentais de trap, é programado de maneira não convencional, criando uma batida que incita o público a dançar. Este é o segundo projecto que apresenta esse gênero após “Selesti” com Rober Mavila.
A criação de um alter Ego para expor sentimentos ocultos
Franklin revelou que nunca escreveu as músicas na primeira pessoa; embora alguns o chamem de Gusttavo, apenas interpreta essa persona. Gusttavo não é tratado como uma pessoa, mas como um sentimento, uma ideia, uma representação da luxúria presente nos homens, daí que acredita que todo homem tem pensamentos ocultos que não são expressos por questões de ética.
Gusttavo é a representação desses pensamentos ocultos em sua forma mais pura e sem filtros. Ele afirma que nunca diria ou faria o que Gusttavo diz fazer, mas admite que já teve esses pensamentos, assim como todos nós já tivemos em algum momento.