Opinião
Revelados os motivos que fazem os músicos abandonarem a CSV
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No cenário musical acual, a afiliação a uma agência ou gravadora pode parecer um caminho garantido para o sucesso. No entanto, a realidade muitas vezes contrasta com essa percepção idealizada.
Um exemplo elucidativo é a recente saída de vários músicos da CSV Agência de Artistas Moçambicanos.
Uma das principais desvantagens de fazer parte de uma label como a CSV é a distribuição desigual de atenção e recursos. Informações indicam que apenas um grupo de artistas tem se beneficiado de lançamentos e eventos frequentes, enquanto outros permanecem no banco de espera, com pouca ou nenhuma visibilidade, algo que até já foi matéria de debate no Show do Fred, programa de entretenimento moçambicano. Essa desigualdade não só prejudica a moral dos artistas menos favorecidos, mas também limita suas oportunidades de crescimento e reconhecimento no mercado.
Frequência de lançamentos e desenvolvimento de carreira
Outra questão crítica é a frequência com que os artistas conseguem lançar seus trabalhos. A cantora Melony, por exemplo, que esteve com a CSV desde 2021, conseguiu lançar apenas um álbum até 2024. Para um artista emergente, a capacidade de lançar música regularmente é vital para manter a relevância e construir uma base de fãs fiel. Em um ambiente onde os lançamentos são controlados pela agência, os artistas podem sentir que suas carreiras estão estagnadas, sem progresso significativo.
Controle criativo e autonomia
Estar vinculado a uma label também pode significar perda de controle criativo. As decisões sobre o estilo musical, produção, e até a imagem do artista, muitas vezes são ditadas pela agência, que pode ter interesses comerciais que não necessariamente alinham com a visão artística do músico. A independência permite aos artistas a liberdade de experimentar e evoluir de acordo com suas próprias aspirações, sem comprometer sua identidade artística.
Divisão de esforços e orçamento
Uma agência deve dividir seus esforços e orçamento entre todos os seus artistas. Na CSV, parece que essa divisão não tem sido equilibrada, o que resulta em um suporte desigual. Artistas que não recebem a devida atenção podem se sentir negligenciados e desvalorizados, o que pode levar à insatisfação e eventual saída. Trabalhar de forma independente, por outro lado, permite ao artista gerir seu próprio orçamento e esforços de marketing, garantindo que cada decisão esteja em consonância com seus objetivos pessoais e profissionais.
Benefícios de ser independente
A independência, embora desafiadora, oferece vantagens significativas. Os artistas têm total controle sobre suas carreiras, desde a criação musical até a comercialização. Eles podem lançar novas músicas quando quiserem, sem depender de aprovação ou agendas de terceiros. Além disso, com as plataformas digitais, é mais fácil do que nunca para os artistas independentes distribuir sua música globalmente e alcançar novos públicos.
Opinião
Mana Cecy tem muito a aprender com Liloca
As redes sociais, palco de debates intensos e, muitas vezes, impiedosos, têm sido o terreno onde figuras públicas enfrentam os desafios da exposição. Mana Cecy, conhecida pelo seu carisma e influência, viu-se recentemente envolvida em uma onda de críticas após suas declarações e atitudes em relação às manifestações em Moçambique.
O incidente mais emblemático foi o vídeo onde, visivelmente desconfortável, relatou ter sido forçada a gritar “Povo no Poder”. Contudo, sua tentativa de esclarecer os eventos acabou por intensificar o desagrado público.
O erro de Cecy não foi apenas no posicionamento inicial de distanciamento, mas na insistência em não reconhecer sua falha com humildade. O discurso posterior, em que voltou a culpar “as pessoas erradas”, revelou uma desconexão com a sensibilidade do momento.
Em contrapartida, artistas como Liloca ensinam uma lição poderosa: o silêncio. Diante de ataques ou controvérsias, Liloca opta por manter-se reservada, concentrando-se no que sabe fazer melhor, o seu trabalho. Esse contraste expõe uma verdade dura, mas necessária: às vezes, a melhor resposta é a ausência de resposta.
A crise de Mana Cecy é um lembrete de que figuras públicas carregam a responsabilidade de entender o impacto de suas palavras e atitudes. Aprender a ouvir, aceitar críticas e, sobretudo, demonstrar empatia são ferramentas fundamentais para navegar pelas águas agitadas da opinião pública. Talvez o silêncio de Liloca não seja apenas uma escolha, mas uma estratégia de sabedoria em tempos de tempestade. Mana Cecy pode e deve aprender com isso.
Opinião
Internautas ensinam artistas a desactivar comentários
Em tempos de agitação social, ser uma figura pública e manter-se em silêncio é, para muitos, uma posição tão barulhenta quanto qualquer grito. No palco das redes sociais moçambicanas, onde as palavras ganham o peso de julgamentos e aplausos, a neutralidade tornou-se um risco e os influenciadores que evitam apoiar o povo em suas demandas urgentes sentem agora o peso desse risco.
Assim, Hot Blaze, Mr. Bow, Liloca e outros nomes de destaque na cena digital aprenderam a lidar com uma nova realidade: o medo dos comentários.
Diante da fúria dos internautas, que pressionam as figuras públicas a se posicionarem sobre a situação sociopolítica de Moçambique, a estratégia de bloquear comentários tem sido o escudo preferido. A tentativa, entretanto, pouco parece servir de proteção, pois as redes fervem em discussões, e o público encontra formas alternativas de expressar seu descontentamento seja compartilhando imagens ou criando fóruns de debate à parte, onde as vozes contrárias ao silêncio dos influenciadores se multiplicam.
Esses bloqueios de comentários revelam não apenas uma tentativa de escapar da pressão popular, mas também um sintoma de um receio profundo: o de que influenciar verdadeiramente exija, afinal, um compromisso com as causas que reverberam fora das telas.
Opinião
Tabasilly é o responsável pelo sucesso de Mr. Bow
Tabasilly, é uma figura incontornável na construção de carreiras musicais em Moçambique. Entre 2013 e 2015, quando eu colaborava na Rádio Terra Verde, tive a oportunidade de testemunhar de perto a dedicação e generosidade de Taba, características que o tornaram um pilar no sucesso de vários artistas.
Ele era responsável por levar as músicas do Mr. Bow para a rádio, mas o que mais me impressionava era sua insistência em garantir que as canções de seu amigo fossem tocadas, mesmo quando tinha suas próprias músicas para promover. Esse altruísmo revelou uma faceta rara no mundo competitivo da música: a disposição de impulsionar o talento alheio sem colocar o próprio ego em primeiro plano.
Apesar de insinuações de que Mr. Bow poderia se tornar uma ameaça ao seu próprio sucesso, Taba nunca via isso como um problema. Ele acreditava firmemente que havia espaço para todos brilharem, citando exemplos como Wazimbo, Antônio Marcos, Safira José, Domingas e Belita, e Rosália Mboa, que fizeram sucesso simultaneamente. Esse espírito colaborativo não só ajudou a moldar a carreira de Mr. Bow, mas também influenciou profundamente outros talentos emergentes.
Em 2020, conheci Kay Novela, um jovem talentoso que revelou que, em meio a muitas dificuldades, foi Tabasilly quem o ajudou a subir aos grandes palcos na África do Sul. Graças ao apoio de Taba, Kay conseguiu não apenas visibilidade, mas também estabilidade financeira e contatos valiosos.
O reconhecimento veio em 2020, quando Mr. Bow lançou o álbum *Story of My Life* e presenteou Tabasilly com um cheque de 100.000 MZN, como forma de agradecer por seu papel crucial na construção de seu sucesso. Além disso, foi Tabasilly quem introduziu Mabermuda a King Bow, facilitando colaborações que enriqueceram a cultura musical moçambicana.
Tabasilly não é apenas um músico talentoso, mas também um verdadeiro mentor e construtor de carreiras. Sua generosidade e visão colaborativa têm deixado uma marca indelével na música de Moçambique, abrindo portas e criando oportunidades para muitos artistas brilharem. Sua contribuição é um exemplo de como o sucesso pode ser alcançado não apenas através de talento individual, mas também através de apoio mútuo e solidariedade.
Texto de Mia Tembe