Entrevistas
“Precisamos de programas que nos motivem a mostrar nossos trabalhos”- Chelsyo Pagule
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Chelsyo Pagul é um dos vários produtores de conteúdos digitais que surgiu durante o isolamento social causado pela Covid-19 em 2020. Desde o seu surgimento tem vindo a ganhar espaço nas redes sociais através dos seus vídeos engraçados e virados à crítica social, como forma de reagir a determinadas situações de forma cômica e pouco constrangedora.
Nascido no dia 5 de Junho de 1998 e formado em Engenharia de Minas, em conversa com Xigubo (Daniel Jacinto), Chelsyo Pagul falou sobre os motivos da entrada para o ramo da comédia, suas metas, sonhos e análise ao mercado em que actua.
Falando sobre o início da sua carreira contou que tudo começou de forma natural e com o objectivo de entreter a si e seus familiares, mas, por conta da fácil difusão de conteúdos os vídeos saíram do seu controle e espalharam se pela internet, causando sede de consumir mais em quem assistia. A procura por seus trabalhos aumentou e sentiu-se obrigado a produzir mais e melhorar seus trabalhos, adquirindo novas habilidades, o que resultou em alguns vídeos pagos por empresas em forma de publicidade.
Sobre o processo criativo e de produção dos vídeos Chelsyo Pagul, contou que tudo começa em sua cabeça onde desenha os roteiros da sua narrativa tendo como inspiração uma situação ou alguém. Quando grava em sua casa faz tudo sozinho, mas caso seja fora da sua residência conta com a ajuda de seu amigo José Pedro e até ao resultado final, leva de 3 a 4 horas de tempo.
Ao longo da nossa conversa, revelou que na verdade começou a fazer os vídeos depois de assistir a um comediante que o inspirou , mas, se negou a revelar o nome usando como pretexto que ficaríamos a saber no dia que o encontrar pessoalmente para o contar.
A escassez de programas que motivem os jovens da área em mostrar seus trabalhos é algo que o deixa desconfortável, visto que existem muitos bons fazedores de comédia, mas não são conhecidos e nem carregam grandes números de seguidores em suas redes sociais, algo que os torna quase anónimos.
“Assistindo-se esses trabalhos em um programa, muitos ficariam motivados a trabalhar e criar intercâmbios entre os fazedores desta arte e melhorar a cada dia e de forma rápida, tendo um mercado dinâmico e firme”
Questionado sobre possíveis colaborações com outros artistas da mesma área, afirmou que ainda existem barreiras, uma vez que de forma incansável propôs colaborações, mas não teve sucesso, algo que o faz pensar que talvez não esteja ao mesmo nível com os demais que recusaram, e aponta para a existência de rivalidades, medo e perda de seguidores, embora exista espaço para todos.
“Mas apesar de tudo estamos num bom caminho, temos capacidade e qualidade suficiente para competir com outros países e não paramos de evoluir”
Sobre o seu futuro, revelou ainda não ter as ideias bem definidas visto que a sua formação entra em conflito com a produção de vídeos e ainda não vê uma forma de equilibrar as duas coisas, mas o desejo de trabalhar na sua área de formação, Engenharia de Minas, é grande, e desta forma, deixa tudo por conta do tempo e sublinha que esperar dele é uma surpresa, pois gosta de surpreender.
Entrevistas
AOPDH prepara primeiro show a solo
O grupo AOPDH prepara-se para realizar o seu primeiro show a solo, intitulado Peta Trap no dia 12 de outubro, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, na cidade de Maputo,
Para o grupo, o evento marca um momento especial na carreira do grupo, que tem construído sua trajectória com parcerias, mas agora celebra a realização de um show próprio.
Em entrevista, os membros do grupo afirmaram que este é um dos primeiros eventos onde têm total controle criativo, o que proporcionará uma experiência mais próxima e personalizada para o público.
Segundo a AOPDH, o show será uma oportunidade única para os fãs verem de perto uma performance que reflecte directamente a essência do grupo, com músicas que abordam questões da sociedade de forma sincera e sem filtros.
Durante a entrevista destacaram a importância de cantar em línguas locais, como tem feito em seus trabalhos, o que representa o cotidiano e a cultura do sul de Moçambique. Para eles, a música vai além do mercado e do marketing, sendo uma forma de expressão autêntica, conectando-os ao público de maneira significativa.
Os integrantes da AOPDH também ressaltaram que o show será uma chance de criar um espaço de diálogo e interação com os fãs, algo que ainda é escasso no cenário musical local. O grupo, prometeu uma apresentação que não apenas revela a profundidade de suas letras, mas também oferece uma experiência de palco memorável, com energia e proximidade.
“Acreditamos que quem vai nos conhecer no show, vai ter uma boa experiência de certeza” disse Phiskwa membro da AOPDH. Este show, cujo a entrega está condicionada ao pagamento de 100 a 200 meticais,terá uma transmissão em directo, no Youtube da 16 Cenas.
Entrevistas
Rumo ao seu lugar no rap, Nélio OJ lança “Ninguém Fará por Nós”
O rapper moçambicano Nélio OJ lançou recentemente o seu novo projecto, “Ninguém Fará por Nós”, com uma mensagem clara e urgente: a responsabilidade de transformar Moçambique está nas mãos dos seus cidadãos, especialmente da juventude.
O título da mixtape reflecte o descontentamento de Nélio ao observar que muitos moçambicanos estão a desistir de lutar por um futuro melhor.
Nélio OJ revela que o início da sua carreira foi marcado por desafios. Ao fazer parte de um grupo onde era o único com uma visão interventiva para o rap, teve de se adaptar ao ambiente, algo que, apesar das dificuldades, o ajudou a ganhar experiência na cena musical.
Após a separação do grupo, sentiu-se livre para seguir o seu próprio caminho e dar vida ao estilo de rap que sempre desejou produzir.
“Cometi alguns erros, mas foram esses erros que me tornaram o que sou hoje”, reflete o rapper. Ele destaca que, embora a carreira de rapper em Moçambique seja desafiante, não vê isso como motivo para desistir.
Inspirado pela realidade moçambicana, os desafios sociais, políticos e as dificuldades enfrentadas pela sociedade no dia a dia, Nélio OJ busca utilizar a sua música como um reflexo desses problemas e uma chamada à ação. A mixtape “Ninguém Fará por Nós” é um projecto pessoal, que Nélio descreve como o seu “BI artístico”, um meio para que o público conheça o verdadeiro artista por trás das letras.
OJ cita como influências nomes de peso tanto da cena nacional quanto internacional, como Azagaia, Valete, Emicida, Gabriel o Pensador, MC Marechal, Eminem, J Cole, Nas, Hernâni da Silva e MCK, de quem ele procura absorver elementos que o inspiram a continuar a sua jornada.
O principal objetivo de Nélio com este projecto é evoluir profissionalmente e levar a sua música ao maior número possível de moçambicanos, sejam eles apreciadores de rap ou não. “Quero que as minhas letras sirvam de inspiração para as pessoas, que libertem e curem mentes”, conclui o artista, deixando claro que a sua missão vai além do entretenimento, buscando impactar e transformar vidas por meio da sua arte.
Entrevistas
Franklin Gusmão e Elton Penicela apresentam “Flow da Munhava”
“Flow da Munhava” é o novo trabalho discográfico que uniu mais uma vez Elton Penicela e Franklin Gusmão, para juntos criarem letras com histórias do cotidiano em ritmos moçambicanos e trap.
Disponível em algumas plataformas de streaming, o trabalho colaborativo oferece uma experiência auditiva única. Em uma entrevista a Xigubo, Franklin Gusmão revelou as inspirações e o processo criativo por trás deste projecto.
Franklin Gusmão revelou no início da nossa conversa que uma das coisas que mais ama neste projecto é o facto de ter sido feito de forma espontânea, facilitado pela química entre ele e Elton.
Explica ainda que a inspiração para criar o alter ego GUSTTAVO e a mixtape veio da necessidade de representar a terra que viu seus pais crescer, Sofala. Franklin desenvolveu essa vontade quando viveu lá por um tempo, e acredita que a representação é perceptível no sotaque do GUSTTAVO.
O processo criativo por trás das músicas foi simples devido à parceria sólida entre os dois artistas, segundo contam. Elton enviava os beats ou Franklin os pedia, e, com base no que ouvia, reencarnava GUSTTAVO, e o resto se desenrolava naturalmente.
“Não podemos esquecer das nossas raízes” – Franklin Gusmão
Essa facilidade de colaboração resultou em uma fusão harmoniosa de ritmos nacionais e trap, com a intenção de manter a representatividade e não esquecer as raízes culturais. Franklin acredita que não é necessário buscar samples estrangeiros para fazer bons beats, e Elton tem demonstrado isso em suas produções, misturando elementos tradicionais com toques modernos para a nova geração.
A fusão de ritmos presentes em “Flow da Munhava” é um subgênero que os artistas chamam de “808qTwerka”. O 808, um tipo de baixo popular em instrumentais de trap, é programado de maneira não convencional, criando uma batida que incita o público a dançar. Este é o segundo projecto que apresenta esse gênero após “Selesti” com Rober Mavila.
A criação de um alter Ego para expor sentimentos ocultos
Franklin revelou que nunca escreveu as músicas na primeira pessoa; embora alguns o chamem de Gusttavo, apenas interpreta essa persona. Gusttavo não é tratado como uma pessoa, mas como um sentimento, uma ideia, uma representação da luxúria presente nos homens, daí que acredita que todo homem tem pensamentos ocultos que não são expressos por questões de ética.
Gusttavo é a representação desses pensamentos ocultos em sua forma mais pura e sem filtros. Ele afirma que nunca diria ou faria o que Gusttavo diz fazer, mas admite que já teve esses pensamentos, assim como todos nós já tivemos em algum momento.