Entrevistas
Zendel: um artista moçambicano que está conquistar Portugal
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Na infância, Zendel enfrentou desafios para se comunicar e se abrir, lutando contra a timidez. No entanto, encontrou na música uma forma de expressão e começou a escrever rimas em seu caderno ainda no quarto ano.
Inspirado por Lay Lizzy e Kanye West, Zendel mergulhou de cabeça na música e transformou suas experiências em letras cativantes. Agora, realizou o seu sonho de apresentar-se na Europa.
Zendel, cujas músicas são uma mistura de sonhos e traumas, tem a habilidade de compartilhar sua realidade por meio de suas composições, abordando tanto as vitórias quanto as derrotas da vida, cantando para aqueles que se permitem vivenciar as emoções mais profundas. Como estudante em uma universidade em Portugal, Zendel conseguiu ampliar sua base de fãs, especialmente no país europeu, onde sua música é tão apreciada quanto em Moçambique.
Para além de cantar, Zendel toca saxofone, o que faz crer que a música é como a água que o sustenta diariamente, seja tocando saxofone ou cantando. É através da música que ele se conecta com seu interior, encontrando uma forma de expressar suas emoções mais profundas. A arte em geral trouxe a Zendel uma visão criativa e ajudou em seu desenvolvimento pessoal, proporcionando-lhe uma perspectiva única sobre o mundo.
Recentemente, Zendel teve uma surpresa inesperada quando seu nome surgiu em um evento universitário de destaque: a “queima das fitas” na IPC-ESTGOH. Esse evento, proporcionou ao artista moçambicano uma oportunidade única de se conectar com os estudantes e fãs de sua música.
Inicialmente, não acreditava quando soube que o promotor do evento desejava falar com ele. No entanto, após negociações bem-sucedidas, Zendel subiu ao palco e ofereceu uma performance inesquecível.
O momento mais significativo para Zendel foi poder mostrar sua identidade e orgulho nacional ao trazer a bandeira de Moçambique ao palco. Além disso, sua preparação psicológica e aquecimento vocal foram essenciais para garantir que ele pudesse levar o público às nuvens com seu talento.
A reação do público foi fenomenal, como se as músicas de Zendel tivessem sido feitas especialmente para eles. Em conversa a Xigubo, revelou que sente incrivelmente grato por tocar as pessoas com suas melodias e compartilhar suas experiências de vida por meio da música.
Durante a sua actuação no “queima das fitas” parecia que suas músicas haviam sido feitas especialmente para eles, por conta da sintonia e ligação emocional que o público mostrou.
“É incrível notar como consigo tocar as pessoas e transmitir minhas experiências por meio da música”
Esta apresentação, é segundo o Zedel, o início de uma jornada, uma vez que não pretende parar, pois tem grandes ambições e tornar-se num ícone mundial, e uma das metas, para poder realizar shows em diferentes partes do mundo e provar que as fronteiras não são um obstáculo quando se trata de conectar pessoas por meio da música.
Questionado sobre a visão que tem da musica moçambicana, revelou ser apaixonado pela riqueza cultural e tradições vibrantes, o que o faz sempre transmitir para o exterior que as beldades dos ritmos moçambicanos, mostrando a autenticidade e convidando os a mergulharem na música, “tenho certeza de que descobrirão uma nova paleta de sons e narrativas que irão cativar seus corações e abrir suas mentes para a diversidade cultural do nosso país”.
“O sol não brilha apenas para uma pessoa, temos que partilhar a luz”
Zendel acredita que o mundo precisa de pessoas criativas, capazes de solucionar problemas de maneiras inovadoras. Ele afirma que o sol não brilha apenas para si mesmo, destacando a importância de compartilhar a luz e o talento com os outros. Sua ambição é levar suas melodias e experiências de vida a um público global, espalhando mensagens de superação, amor e autenticidade por meio de sua música.
Com um talento notável e uma visão inspiradora, Zendel está determinado a alcançar o sucesso em escala internacional. Sua música emociona multidões, sua mensagem ressoa e sua paixão é evidente. Este jovem artista moçambicano está pronto para conquistar novos palcos, levar a cultura de Moçambique para o mundo e fazer sua marca na indústria musical global.
Entrevistas
AOPDH prepara primeiro show a solo
O grupo AOPDH prepara-se para realizar o seu primeiro show a solo, intitulado Peta Trap no dia 12 de outubro, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, na cidade de Maputo,
Para o grupo, o evento marca um momento especial na carreira do grupo, que tem construído sua trajectória com parcerias, mas agora celebra a realização de um show próprio.
Em entrevista, os membros do grupo afirmaram que este é um dos primeiros eventos onde têm total controle criativo, o que proporcionará uma experiência mais próxima e personalizada para o público.
Segundo a AOPDH, o show será uma oportunidade única para os fãs verem de perto uma performance que reflecte directamente a essência do grupo, com músicas que abordam questões da sociedade de forma sincera e sem filtros.
Durante a entrevista destacaram a importância de cantar em línguas locais, como tem feito em seus trabalhos, o que representa o cotidiano e a cultura do sul de Moçambique. Para eles, a música vai além do mercado e do marketing, sendo uma forma de expressão autêntica, conectando-os ao público de maneira significativa.
Os integrantes da AOPDH também ressaltaram que o show será uma chance de criar um espaço de diálogo e interação com os fãs, algo que ainda é escasso no cenário musical local. O grupo, prometeu uma apresentação que não apenas revela a profundidade de suas letras, mas também oferece uma experiência de palco memorável, com energia e proximidade.
“Acreditamos que quem vai nos conhecer no show, vai ter uma boa experiência de certeza” disse Phiskwa membro da AOPDH. Este show, cujo a entrega está condicionada ao pagamento de 100 a 200 meticais,terá uma transmissão em directo, no Youtube da 16 Cenas.
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Rumo ao seu lugar no rap, Nélio OJ lança “Ninguém Fará por Nós”
O rapper moçambicano Nélio OJ lançou recentemente o seu novo projecto, “Ninguém Fará por Nós”, com uma mensagem clara e urgente: a responsabilidade de transformar Moçambique está nas mãos dos seus cidadãos, especialmente da juventude.
O título da mixtape reflecte o descontentamento de Nélio ao observar que muitos moçambicanos estão a desistir de lutar por um futuro melhor.
Nélio OJ revela que o início da sua carreira foi marcado por desafios. Ao fazer parte de um grupo onde era o único com uma visão interventiva para o rap, teve de se adaptar ao ambiente, algo que, apesar das dificuldades, o ajudou a ganhar experiência na cena musical.
Após a separação do grupo, sentiu-se livre para seguir o seu próprio caminho e dar vida ao estilo de rap que sempre desejou produzir.
“Cometi alguns erros, mas foram esses erros que me tornaram o que sou hoje”, reflete o rapper. Ele destaca que, embora a carreira de rapper em Moçambique seja desafiante, não vê isso como motivo para desistir.
Inspirado pela realidade moçambicana, os desafios sociais, políticos e as dificuldades enfrentadas pela sociedade no dia a dia, Nélio OJ busca utilizar a sua música como um reflexo desses problemas e uma chamada à ação. A mixtape “Ninguém Fará por Nós” é um projecto pessoal, que Nélio descreve como o seu “BI artístico”, um meio para que o público conheça o verdadeiro artista por trás das letras.
OJ cita como influências nomes de peso tanto da cena nacional quanto internacional, como Azagaia, Valete, Emicida, Gabriel o Pensador, MC Marechal, Eminem, J Cole, Nas, Hernâni da Silva e MCK, de quem ele procura absorver elementos que o inspiram a continuar a sua jornada.
O principal objetivo de Nélio com este projecto é evoluir profissionalmente e levar a sua música ao maior número possível de moçambicanos, sejam eles apreciadores de rap ou não. “Quero que as minhas letras sirvam de inspiração para as pessoas, que libertem e curem mentes”, conclui o artista, deixando claro que a sua missão vai além do entretenimento, buscando impactar e transformar vidas por meio da sua arte.
Entrevistas
Franklin Gusmão e Elton Penicela apresentam “Flow da Munhava”
“Flow da Munhava” é o novo trabalho discográfico que uniu mais uma vez Elton Penicela e Franklin Gusmão, para juntos criarem letras com histórias do cotidiano em ritmos moçambicanos e trap.
Disponível em algumas plataformas de streaming, o trabalho colaborativo oferece uma experiência auditiva única. Em uma entrevista a Xigubo, Franklin Gusmão revelou as inspirações e o processo criativo por trás deste projecto.
Franklin Gusmão revelou no início da nossa conversa que uma das coisas que mais ama neste projecto é o facto de ter sido feito de forma espontânea, facilitado pela química entre ele e Elton.
Explica ainda que a inspiração para criar o alter ego GUSTTAVO e a mixtape veio da necessidade de representar a terra que viu seus pais crescer, Sofala. Franklin desenvolveu essa vontade quando viveu lá por um tempo, e acredita que a representação é perceptível no sotaque do GUSTTAVO.
O processo criativo por trás das músicas foi simples devido à parceria sólida entre os dois artistas, segundo contam. Elton enviava os beats ou Franklin os pedia, e, com base no que ouvia, reencarnava GUSTTAVO, e o resto se desenrolava naturalmente.
“Não podemos esquecer das nossas raízes” – Franklin Gusmão
Essa facilidade de colaboração resultou em uma fusão harmoniosa de ritmos nacionais e trap, com a intenção de manter a representatividade e não esquecer as raízes culturais. Franklin acredita que não é necessário buscar samples estrangeiros para fazer bons beats, e Elton tem demonstrado isso em suas produções, misturando elementos tradicionais com toques modernos para a nova geração.
A fusão de ritmos presentes em “Flow da Munhava” é um subgênero que os artistas chamam de “808qTwerka”. O 808, um tipo de baixo popular em instrumentais de trap, é programado de maneira não convencional, criando uma batida que incita o público a dançar. Este é o segundo projecto que apresenta esse gênero após “Selesti” com Rober Mavila.
A criação de um alter Ego para expor sentimentos ocultos
Franklin revelou que nunca escreveu as músicas na primeira pessoa; embora alguns o chamem de Gusttavo, apenas interpreta essa persona. Gusttavo não é tratado como uma pessoa, mas como um sentimento, uma ideia, uma representação da luxúria presente nos homens, daí que acredita que todo homem tem pensamentos ocultos que não são expressos por questões de ética.
Gusttavo é a representação desses pensamentos ocultos em sua forma mais pura e sem filtros. Ele afirma que nunca diria ou faria o que Gusttavo diz fazer, mas admite que já teve esses pensamentos, assim como todos nós já tivemos em algum momento.