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Opinião

Mortes que a cultura moçambicana não vai esquecer

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Mortes que a cultura moçambicana não vai esquecer

A cultura e entretenimento moçambicano passaram por vários momentos, proporcionados por artistas, assim como assuntos que mudaram o seu rumo ao longo dos anos nos olhos dos moçambicanos e não só.

A morte de alguns artistas mexe com o coração das pessoas que acompanhavam seus trabalhos e buscavam inspiração para superar algumas adversidades da vida, neste artigo, vamos recordar alguns destes artistas e seus trabalhos, cujas as mensagens e seus feitos continuam são atemporais.

CARLOS E ZAIDA CHONGO

Para quem nasceu nos anos 90 ou até início dos anos 2000 acompanhou ou já ouviu falar do casal de músicos Carlos e Zaida Chongo, que “deram de fazer” durante o auge de sua carreira.

Esta dupla, é responsável por lotar vários campos do país onde realizava seus espetáculos, levando a loucura todos que se faziam presentes, tanto pelas suas músicas de intervenção pessoal e social, assim como suas danças provocantes e fora do comum.

Zaida Chongo morreu vítima de doença a 4 de Junho de 2004 e um ano mais tarde, a 2 de Julho de 2005, Carlos Chongo morreu também por causa de uma enfermidade. O casal conta com cerca de 6 discos gravados, onde encontramos “Matekaway” lançado em 2003,  “Sifa si Lhile” de 2004 editados pela Vidisco, Alfândega em 1999, Drenagem de 1998, Sibo em 1997 e “Toma que te dou” em 1997 editados pela Orion Trading.

MALANGATANA

Malangatana Valente Ngwenya, é um dos moçambicanos mais famosos, nasceu a 6 de Junho de 1936, em Matalana e estudou na escola da missão suíça de Matalana e na missão católica de Ntsindya. Frequentou o Núcleo de Arte e a escola industrial em Maputo, tendo sido bolseiro da Gulbenkian ainda antes da independência de Moçambique.

Conhecido pelos seus quadros, o artista antes foi apanhador de bolas, criado, pastor e empregado de bar. Lutou activamente pela independência de Moçambique, foi preso pela PIDE, torturado, juntou-se à FRELIMO, foi deputado e recebeu inúmeros prémios.

Mortes que a cultura moçambicana não vai esquecer

último trabalho de Malangatana: um Fiat 500

Em 1997 foi nomeado Artista pela Paz, tendo o director da UNESCO descrito Malangatana como “muito mais do que um artista, alguém que demonstra que existe uma linguagem universal, a linguagem da Arte, que permite comunicar uma mensagem de Paz”. Malangatana morreu, aos 74 anos, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, vítima de doença prolongada, depois de vários dias internado.

As suas obras encontram-se espalhadas pelos quatro cantos do Mundo como África, Europa, Estados Unidos, América Latina, Índia e Paquistão.

ELSA MANGUE

A cantora moçambicana Elsa Mangue, vencedora do Prémio de Música Rádio França Internacional (RFI) 1987, foi uma das cantoras mais célebres que Moçambique teve.

A cantora iniciou a sua carreira em 1980, interpretando músicas inspiradas no dia-a-dia dos moçambicanos. A violência, discriminação e marginalização da mulher são os principais temas da obra musical da artista, que, apesar da longa carreira, continuava a actuar em casas de pasto da capital moçambicana e arredores, mas de forma intermitente, devido à doença. Ela também venceu o “Ngoma Moçambique” e o “Top Feminino”, as principais competições da música moçambicana.

Depois da independência do país em 1975, o prestígio de Elsa Mangue aumentou em 1987, quando se tornou na primeira moçambicana a ganhar um prémio internacional de música, ao ser considerada cantora revelação africana do Prémio de Música RFI.

Elsa Mangue morreu em 2014 no Hospital Central de Maputo, onde se encontrava internada há alguns dias, devido à doença que a afectava há algum tempo.

RICHARD SULEMANE

Richard Sulemane começou a sua carreira como músico no Reality show Fantástico da TV, um reality show que não teve muito sucesso. Mas veio a revelar-se ao mundo no certame moçambicano da STV “Show de Talentos” onde ao lado da sua guitarra conquistou o coração dos moçambicanos.

Após o Reality Richard conseguiu singrar no mundo da música. Richard Sulemane como músico teve em alta com a canção “Vou cuidar de ti”. Foi com esta mesma canção que Richard Sulemane ganhou o prêmio de jovem revelação no Mozambique Music Award.

LIUDMILA JEQUE

A apresentadora Liudmila Eunice Jeque , nasceu no dia 5 de Fevereiro de 1990 na cidade de Quelimane, província da Zambézia, no centro de Moçambique.

Em 2009, com os 19 anos de idade, inicia a sua carreira como modelo profissional, e no mesmo ano concorre para o concurso Miss & Mister Coconuts no qual consegue chegar a sua final, mas não conquista o prêmio.

Mortes que a cultura moçambicana não vai esquecer

No ano de 2011, recebe um convite especial para fazer televisão, convite este que foi bem recebido e respondido de imediato, passando por canais como STV e TV Sucesso. Perdeu a vida em 2020, vítima de doença num dos hospitais da cidade de Maputo.

JEREMIAS NGUENHA

Jeremias Nguenha, nasceu em Inhambane, aos 19 de Março de 1972 foi um músico moçambicano que cantava em changana.

Foi um cantor contestatário, denunciando nas suas canções a pobreza e injustiça social sofrida pela maior parte da população. As suas mais famosas composições foram “La famba bicha?” (A fila anda?) e “Vadla voxi” (Comem sozinhos).

Realizou digressões artísticas à África do Sul e ao Brasil, onde actuou no Carnaval do Rio de Janeiro em 2002.A sua popularidade levou a que fosse recebido pelo então presidente Joaquim Chissano, numa rara audiência a indivíduos que não pertenciam à classe política.

Para além de músico foi também actor e jogador de futebol, veio a perder a vida no dia 4 de Maio de 2007, com 35 anos,  causada pelo vírus do HIV/SIDA.

 KETA DE JESUS

Faleceu no dia 01 de Fevereiro de 2013, em vida exercia a função de apresentadora de Televisão. Segundo informação difundidas pelos meios de comunicação naquela época, Keta de Jesus, teria passado mal ao final da tarde encaminhada ao hospital onde teria perdido a vida.

Mortes que a cultura moçambicana não vai esquecer

Keta era namorada do cantor Valdemiro José, com quem teve um filho, um ano antesm foi eleita, como uma das mulheres mais bonitas do país.

BANG

Adelson Mourinho, mais conhecido por Bang, nasceu em Quelimane, capital da província da Zambézia, em vida, destacou-se na promoção de espectáculos de cantores da década de 2000, entre os quais Lizha James, Valdemiro José, Ziqo e Dama do Bling, Doppaz e muitos outros, através da sua agência, Bang Entretenimento.

Bang, perdeu a vida em 2021, na Republica Sul africana, internado num hospital de Joanesburgo, África do Sul, padecendo de um tumor no estômago.

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Opinião

Facebook matou Fred e roubou a coroa

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Fred artistas nacionais

Desde que o Facebook tornou-se um fenómeno, a informação circula de forma mais rápida. Com isso, desapareceram os tempos em que aguardávamos ansiosamente por programas televisivos para nos actualizarmos sobre as novidades do país.

Recordo-me de esperar até às 15 ou 16 horas para assistir ao “Atracções” na TV Miramar, na expectativa de um “beef” que Fred Jossias havia preparado. Às vezes, ele nem chegava a revelar tudo, mantendo-nos em suspense até ao dia seguinte. Nos geria uma semana com o mesmo beef, apenas nos alimentando com o cheiro.

Naquela época, como talvez o único corajoso detentor daquela informação, Fred comportava-se como a última bolacha do pacote, a única coca do deserto, o rei de tudo, e nós, meros mendigos do seu “beef”.

Porém, as redes sociais, especialmente o Facebook, acabaram com esse privilégio, uma vez que as informações correm muito rápido e são partilhadas sem muito medo de perseguições, pois alguns utilizam perfis anónimos, como é o caso do Unay que, inegavelmente, tirou o poder a Fred pois antes de sair do activo, era onde as pessoas iam para saber dos novidades mais quentes e íntimas dos artistas e não só.

Além disso, agora o telemóvel com câmara e internet tornou-se quase que acessível a todos, daí que factos que antes apenas podiam ser cobertos e revelados por uma parte, agora todos podem.

Daí que, se Fred demorar com uma informação, corre o risco de ter outra pessoa já a falar sobre isso no Facebook, o que tira a sua arma poderosa: fazer as pessoas esperar.

O que notamos agora é que o rei virou um peão, também fica à espera de um escândalo na internet para poder comentar e gerar sensacionalismo em cima disso.

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Opinião

Rhodalia no Got Talent: uma denúncia da precariedade da nossa indústria musical?

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Rhodalia Silvestre, cantora moçambicana

A cantora moçambicana Rhodalia Silvestre conquistou o “mundo” após a sua participação numa audição no Got Talent Portugal, onde arrebatou o júri, conforme se lê no título do vídeo da sua apresentação.

Já celebramos a elevação do talento e sentimo-nos identificados, mas agora é a vez de nos questionarmos: como é que a Rhodalia participou num programa que, na sua génese, dá oportunidade a iniciantes ou talentos desconhecidos?

Há um nível ao qual não se deve descer depois de alcançado e, com Wansati, Rhodalia deu o seu impulso como não apenas mais uma voz, mas como uma cantora que representa o país. Neste sentido, fora do país, o Got Talent não devia ser o palco dela, mas, talvez, buscar por outros prémios e palcos.

Rhodalia deveria cantar num Tiny Desk

Para questões de contextualização, estamos a falar da revelação do Ngoma Moçambique 2017, melhor voz de Moçambique no Ngoma 2018 e 2022 e ainda vencedora do prémio Vibratoques da Vodacom.

Foi integrante e vocalista principal do agrupamento moçambicano Banda Azul, é dona de uma voz poderosa, única e arrebatadora, destacando-se com a canção Wansati, que dá também nome ao seu álbum de originais com 12 temas.

No seu portefólio artístico, constam projectos e colaborações com grandes artistas como Jimmy Dludlu e o falecido rapper Azagaia. Já actuou nos principais palcos, como o Cape Town Jazz Festival em 2011, Bushfire, Azgo, Lake of Stars, entre outros.

É certo que a participação de Rhodalia numa audição do Got Talent deve orgulhar-nos, mas também preocupar-nos enquanto moçambicanos. Este pode ser um grito da própria cantora, um: vocês não me ouvem.

Há que discutirmos o que leva uma voz que, pelos prémios e reconhecimento que já obteve, se submete a um palco destinado a talentos que ainda necessitam de aprovação. Podemos descobrir que estamos a brincar de cantantes, mas ainda precisamos da comunidade internacional para provarmos se somos realmente bons ou não.

Não é esta uma amostra de quão precária está a valorização dos nossos? Será o Ngoma suficiente ou há que se adicionar um “subsídio de reintegração” para continuar a suprir as necessidades do artista?

Aqui, não se tira mérito à ida da cantora ao programa. Isso é positivo e acredito que faça parte de uma estratégia por ela encontrada em meio a outros possíveis fracassos. Mas, virando a moeda, é como imaginar Adele a participar no Fama Show ou Assa Matusse a concorrer no Got Talent França.

A verdade é que, agora, só a multipremiada Rhodalia pode explicar em que estado a nossa cultura encontra-se.

Que se inicie o debate!

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Opinião

Mana Cecy tem muito a aprender com Liloca 

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As redes sociais, palco de debates intensos e, muitas vezes, impiedosos, têm sido o terreno onde figuras públicas enfrentam os desafios da exposição. Mana Cecy, conhecida pelo seu carisma e influência, viu-se recentemente envolvida em uma onda de críticas após suas declarações e atitudes em relação às manifestações em Moçambique. 

O incidente mais emblemático foi o vídeo onde, visivelmente desconfortável, relatou ter sido forçada a gritar “Povo no Poder”. Contudo, sua tentativa de esclarecer os eventos acabou por intensificar o desagrado público.  

O erro de Cecy não foi apenas no posicionamento inicial de distanciamento, mas na insistência em não reconhecer sua falha com humildade. O discurso posterior, em que voltou a culpar “as pessoas erradas”, revelou uma desconexão com a sensibilidade do momento. 

Em contrapartida, artistas como Liloca ensinam uma lição poderosa: o silêncio. Diante de ataques ou controvérsias, Liloca opta por manter-se reservada, concentrando-se no que sabe fazer melhor, o seu trabalho. Esse contraste expõe uma verdade dura, mas necessária: às vezes, a melhor resposta é a ausência de resposta.  

A crise de Mana Cecy é um lembrete de que figuras públicas carregam a responsabilidade de entender o impacto de suas palavras e atitudes. Aprender a ouvir, aceitar críticas e, sobretudo, demonstrar empatia são ferramentas fundamentais para navegar pelas águas agitadas da opinião pública. Talvez o silêncio de Liloca não seja apenas uma escolha, mas uma estratégia de sabedoria em tempos de tempestade. Mana Cecy pode e deve aprender com isso.

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