Cultura
Mélio Tinga e Eduardo Quive discutem guerra e violência através de “Mutiladas” e “Névoa na Sala”
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Foi na noite de quarta-feira, 15 de Maio, pelas 18h, que os amantes da literatura e o público em geral, testemunhou, no Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), em Maputo, o lançamento de duas obras literárias intituladas “Mutiladas” e “Névoa na Sala” dos escritores Mélio Tinga e Eduardo Quive, sob a chancela da Catalogus.
Diga-se que, foi um evento envolvente e comovente, pela sensibilidade que carrega a dura realidade do dia-a-dia dos Moçambicanos desde à violência aos traumas de guerra oriundos de Cabo Delgado.
Em Mutiladas, Eduardo Quive, explora com profundidade a realidade das mulheres violentadas diariamente, a vida em geral e o exercício das suas memórias em cada cenário/episódio que vivencia no seu quotidiano. Em suma é através desta que, busca em forma de arte narrar vivências de moçambicanos e convidá-los a reflectir sobre o hoje e o amanhã.
“A alegria de escrever este livro é de pensar no dia-a-dia dos moçambicanos, a questão da violência doméstica, numa perspectiva global, desde a sociedade, instituições como por exemplo uma mulher entra no hospital de alsa e não pode ser atendida, como é que as crianças nas escolas estão a ser formadas agora, sendo a escola um espaço não seguro, tranquilo como é que as crianças que vivenciam essa violência vão ser adultos do amanhã”,
declarou Quive.
O Livro “Mutiladas” não é só mais um simples lançamento, como também constitui mais um passo para o autor, pois, é seu primeiro livro de estreia em “contos”, distanciando-se, assim do verso, seu género característico.
“Esta mudança procura nova abordagem porque na verdade, as histórias que eu queria contar, era preciso lhes dar maior dimensão um espaço que a poesia geralmente não dá, mas também era preciso chamar personagens pelos nomes e falar destas vidas, e sobretudo as mulheres que sofreram seus traumas, a violência.
É preciso chamar essas vítimas pelos nomes, o que muita das vezes não acontece, são simplesmente chamadas por vítimas. Nessas histórias quis aventurar na narrativa e colocar essas personagens que são o quotidiano do dia-a-dia das pessoas e muito provavelmente provocar uma reflexão na sociedade moçambicana”.
Enquanto Quive explora a violência quotidiana em diferentes vectores sociais (educação, saúde, instituições publicas etc), Mélio Tinga, explora a guerra na zona nortenha do país, Cabo Delgado, através da “Névoa na Sala”.
“Este livro é actual no sentido que explora o efeito da guerra que cria nas pessoas, nesse sentido acho que é preciso um paralelismo entre o que acontece em Moçambique e, outros países sobre o terrorismo. Essencialmente explora o que está guerra causa no interior das pessoas no aspecto psicológico”.
Com esta, Tinga, convida a todos moçambicanos a refletirem sobre os transtornos que uma guerra pode causar para a população. O autor reitera também maior urgência a necessidade de reconstrução dos homens após guerra, visto que constituem agenda primária, a recomposição de grandes cidades e intra-esturras e, assim deixando-se os homens à sua sorte sem devido acompanhamento.
“O livro chama atenção de todos nós. O que poderíamos fazer depois desse período pós guerra e de reconstrução. Depois desse período, não só precisamos de reconstruir as cidades e vilas, como também precisamos de reconstruir o ser humano, cuidar da questão psicológica dessas pessoas, cuidar traumas pós guerras dessas pessoas que muitas das vezes terminada a guerra continuam com feridas enormes e ninguém presta atenção nisso” disse o autor.
A junção dos autores para o efeito (lançamento), surge , segundo eles, para interpretar o evento como momento de partilhas e afetos, onde o colectivo, domina o individualismo.
Cultura
Énia Lipanga participa do III congresso de direitos humanos e povos originários em Brasil
Énia Lipanga, poetisa e activista social de Moçambique, viaja mais uma vez para o Brasil como uma das vozes convidadas para o III Congresso de Direitos Humanos e Povos Originários, que acontece em Boa Vista, nos dias 21 e 22 de novembro de 2024.
No evento, Lipanga une sua perspectiva literária à luta pelos direitos humanos e pela valorização das culturas indígenas, participando no painel “Educação de Minorias” com uma palestra sobre “A liberdade feminina em poesias”.
Com profunda sensibilidade, Lipanga olha a poesia como uma poderosa ferramenta de resistência e expressão. “A liberdade é não apenas um direito, mas uma prática cotidiana de resistência e expressão,” afirma.
Para ela, a poesia abre um espaço essencial para “explorar as dores e as alegrias da luta feminina,” permitindo que mulheres de todas as origens reescrevam suas histórias e “rompam silêncios”. Sua palestra é uma reflexão sobre como a literatura pode transformar o entendimento sobre igualdade e autoconhecimento, em um caminho marcado pela resiliência.
A presença de Lipanga no congresso também é uma oportunidade de ampliar o diálogo entre a literatura moçambicana e o movimento pelos direitos das mulheres. Inspirada pelas obras de figuras icônicas de Moçambique, como Lília Momplé e Noémia de Sousa, Lipanga espera levar à audiência brasileira o contexto histórico e cultural da luta por liberdade em seu país.
“Quero resgatar essas vozes para que a audiência compreenda que a busca pela liberdade em Moçambique tem raízes antigas e marcantes,” declarou.
Ainda embalada pela energia de sua recente digressão “Composta de Ti(s)” pelo Brasil, onde ministrou palestras e participou de saraus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, Lipanga destacou o impacto dessa conexão intercultural. “Foi uma jornada transformadora, cheia de encontros e trocas que refletem a minha própria história.”
Cultura
Embaixador do Turismo em Moçambique visita Bazaruto e diz que é preciso valorizar o que é nosso
No último sábado, 28 de setembro, o músico e produtor DJ Ardiles, embaixador do turismo em Moçambique, visitou o arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, onde ficou encantado com o potencial turístico desta região e saiu com mais certeza de que é preciso valorizar o que é nosso.
Como embaixador de turismo do país, DJ Ardiles acredita que este paraíso devia ser mais explorado pelos moçambicanos e convida a todos a visitarem, porque é do nosso país e devemos sentir orgulho do mesmo. Por isso, o músico pretende continuar a fazer o seu papel de promover este e outros locais turísticos de modo com que todos tenham acesso à informação, conheçam e possam visitar. Na sua visão, valorizar o que é nosso vai desde consumir produtos locais e divulgá-los até tornarem-se comerciais.
Conhecido pelas suas praias de areia branca, águas cristalinas e uma rica vida marinha, Bazaruto é um destino ideal para mergulho, snorkeling e passeios de barco. Os recifes de corais que cercam as ilhas são lar de uma variedade de espécies marinhas, incluindo peixes coloridos, tartarugas e até golfinhos. Ao visitar este local, DJ Ardiles também reflectiu sobre a importância de se continuar a preservar as diversas espécies marinhas da nossa costa e encorajou o Governo a continuar com o trabalho que tem feito para a conservação das mesmas, assim como o público em geral a fazer a sua parte.
Além das suas belezas naturais, o arquipélago também possui uma rica herança cultural. A interacção com as comunidades locais permite aos visitantes conhecer tradições, a gastronomia e a hospitalidade característica da região.
Segundo DJ Ardiles, o desenvolvimento sustentável do turismo em Bazaruto é crucial para preservar este paraíso, por isso, incentiva também investimentos em infra-estruturas que respeitem o meio ambiente e promovam a conservação dos ecossistemas.
Cultura
“Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim”- Mia Couto
O escritor moçambicano Mia Couto, famoso por suas obras, frequentemente aborda a temática do tempo em suas entrevistas e livros. Para o escritor, o tempo e as idades devem ser encarados como travessias, uma visão que permeia sua produção literária.
Em um curto vídeo recente, Mia Couto expressa seu desejo de atravessar o tempo de maneira distraída, sem se deixar prender por suas limitações. Essa mesma reflexão está presente no poema “O espelho”, escrito em 2006, no qual o autor discorre sobre a perplexidade diante do envelhecimento e como a luz da idade revela nosso verdadeiro reflexo.
Confira abaixo o poema que explora essa temática:
O espelho
“Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.”
Maputo, 2006