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Maputo Fast Forward reflecte sobre o futuro pós era humana
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“Corpos hiperligados: propostas para o pós-Antropoceno” é o tema que norteia a oitava edição do festival Maputo Fast Forward que vai decorrer e 18 a 26 de Outubro de 2024, tendo como espaço principal a JFS Tower, um icónico edifício da baixa da cidade que será transformado num centro de ideias, criatividade e inovação.
O MFF ocupará 3 dos 14 andares do edifício, que compreende várias diversas valências, uma galeria comercial, quatro andares para estacionamento e outros dez para escritórios, com uma ampla vista para a Baía de Maputo e toda a área central da capital. É nesse cenário inédito que será reconfigurado especialmente para o festival, que criativos e pensadores serão envolvidos na dinâmica e no conceito do festival, que gira em torno dos dilemas da contemporaneidade, do ‘Antropoceno’, da relação entre homem e natureza sob diferentes perspectivas.
Conferência MFF
Será na Conferência MFF onde personalidades nacionais e internacionais irão reflectir sobre o tema central “corpos hiperligados: propostas para o pós Antropoceno”. Serão no total cinco conversas que vão procurar incorporar
perspectivas decoloniais, pan-africanas e feministas da temática principal: • Abertura: Como escutar o Planeta?
• Corpo Planeta: Do Extractivimo à Regeneração
• Copo Social – Democracia em Reinvenção
• Corpo Humano – Ser em Tempos Digitais
• Corpo Tempo- Memórias e Sonhos
Colocando, Maputo-Moçambique-África nas discussões globais contemporâneas, esta conferência surge como um espaço para sonhar, reimaginar e propor outras formas de relação com o Planeta e entre todos os que o co-habitam, em resposta às múltiplas crises planetárias que marcam a actual Era do Antropoceno. Apesar da nossa curta presença na Terra, o impacto que já deixamos é profundo e com marcas devastadoras, que nos colocam diante da necessidade de conceber outras formas de ser e estar para co-criar futuros ecologicamente saudáveis e socialmente e economicamente justos.
É um convite para ouvir profundamente os nossos corpos interligados: Corpo Planeta, Planeta Social, Corpo Humano e Corpo-Tempo. A escuta como ponto de partida para redescobrir, abrir e impulsionar caminhos, práticas e propostas para os nossos futuros colectivos, reconhecendo e alimentando a nossa interdependência, e transitando de uma lógica de consumo, dominação, degradação e exploração da Terra, e violação de corpos tornados descartáveis, para lógicas regenerativas e curativas que reafirmem a coexistência e pluralidade da Vida.” explica a curadora, Tassiana Tomé, socióloga e pesquisadora.
Entre os oradores estão o pesquisador de história e política, Achille Mbembe (Camarões), a escritora e ecofeminista Patrícia McFadden (Eswatini), o professor de Teorias e Literaturas Pós-Decoloniais Rolando Vásquez (México), a activista e contadora de histórias Eliana N’Zualo (Moçambique), o antropólogo e escritor Ruy Llera Blanes (Espanha), a activista por justiça ambiental Anabela Lemos (Moçambique), a ecóloga Elisângela Rassul (Moçambique), o antropólogo Aristide Bitouga (Camarões), especialista em paz e segurança e género Kamina Diallo (Senegal), politóloga Marie Boka (Costa de Marfim), o coreógrafo Cebolenkosi Zuma (África do Sul), o actor Yuck Miranda (Moçambique), realizadora e educadora Maria Askew (Inglaterra/Guiné Equatorial), a advogada dos direitos humanos Anyieth D’Awol (Sudão do Sul). As sessões serão moderadas por Professora Isabel Casimirio, Pesquisador e etnomusicólogo Marilio Wane, Antropóloga Kátia Taela, Especialista em Governação e Direitos das Mulheres, Fidélia Chemane, e Jornalista Cultural, Benilde Matsinhe.
“Embora rejeitemos o absolutismo do Antropoceno, com estas propostas para o pós-Antropoceno, embarcamos num retorno à hipótese, abrindo caminhos e explorando estímulos especulativos para reflexão e subsequente ação (descentralizada). Este é o momento para a reinvenção, de formas e formatos, um tempo de renovação e regeneração, dentro de nós mesmos e entre nós, conscientes de que ‘estamos’ nisto juntos, embora ‘não sejamos’ todos iguais, mas juntos somos capazes de celebrar a diferença (em coexistência) e a solidariedade (sempre texturizada pelo protesto). Agora é o momento de mergulhar nas profundezas do conhecimento, traçando novos e reinventados vetores de significado (libertando-nos de preconceitos) e de cura (do trauma e do medo), permitindo o remapeamento e a reconfiguração de localidades e temporalidades. Permitir uma verdadeira rede interligada de corpos individuais, sociais e planetários a funcionar como um só” – Co-Curador of the Festival, João Roxo Leão.
New Narratives – exposições que desafiam o comum
New Narratives, programa de instalações e exposições com a curadoria de João Roxo, irá explorar a narração de histórias através de novos media e realidade virtual (XR) e permitirá que o público e a comunidade digital de Maputo se envolva em
narrativas com interação e novas possibilidades de participação. Serão no total quatro instalações ligando a arte, história até a arquitectura em diálogo com os desafios globais que afectam o modo de ser e estar das pessoas.
A mostra “Mganga Wa Kitui”, de Walid Kilonzi, investiga a relação intrincada entre feitiçaria e religião africana num contexto contemporâneo. Situada no ambiente vibrante da tribo Akamba, agora uma comunidade metropolitana movimentada, a narrativa explora a colisão entre a modernidade e a magia antiga, conduzindo a uma profunda viagem de auto-descoberta e de renascimento cultural.
A etíope-americana Ainslee Alem Robson traz a instalação intitulada “Ferenj”, que é um diálogo visual entre a memória, a realidade e o digital, numa paisagem de sonho afrosurreal criada a partir das memórias reconstruídas da realizadora, questionando o significado de casa e de identidade enquanto mestiça etíope americana que cresceu no meio da dissonância cultural.
O espectador é guiado através de fragmentos do Empress Taytu (o restaurante etíope dos seus pais em Cleveland, OH), para a casa onde cresceu e para as ruas de Addis Abeba, na Etiópia, através de uma conversa especulativa num só sentido entre o narrador e a Empress Taytu – o restaurante personificado como a histórica imperatriz etíope. A banda sonora é composta por êxitos do Ethio Jazz, bem como por uma gravação original em “krar”.
O design de som é composto por sons encontrados, e a paisagem sonora de Adis Abeba interrompe cenas em Cleveland e vice-versa, avançando o conceito de uma casa “pós-espacial” interseccional que atravessa travessias, continentes e consciência. O arco narrativo desta história é impulsionado pela evolução da compreensão que Robson tem da sua identidade ao longo do tempo.
A outra instalação é da autoria de Meghna Singh and Simon Wood e intitula-se “Container”. Exibida no 78º Festival Internacional de Cinema de Veneza e no Festival de Tribeca 2022, a obra chega agora a Maputo. “Container” torna visíveis os corpos “invisiblizados” que permitem a nossa sociedade de consumo.
Confrontando a escravatura através de um contentor marítimo em constante transformação, o passado torna-se presente, o invisível torna-se visível. Testemunhamos os cacos da sociedade: os fantasmas do passado e os espectros vivos do mundo moderno.
A quarta instalação é ligada traça linhas gerais que partem do conceito de uma aldeia do futuro, baseada na região centro de Moçambique, resultante da primeira pesquisa da Academia MFF.
Pesquisa “Benga, a aldeia do futuro”
No início de 2024, foi lançado um apelo para financiar a pesquisa na nova Academia do MFF. E o projecto vencedor intitula-se “Benga, a aldeia do futuro”, levado a acabo pelo arquitecto moçambicano Adamo Miguel Morrumbe. Baseada em Benga, no distrito de Moatize, província de Tete, a pesquisa leva-nos para um conceito de cidade do futuro, inspirado e movido pelas experiências habitacionais da comunidade dessa região do extremo noroeste de Moçambique.
Com mais de uma década de experiência em concepção e gestão de obras, Morrumbe possui formações técnicas em artes visuais e psicopedagogia. A sua colaboração com o arquitecto vencedor de The Pritzker Architecture Prize, em 2022, Francis Kéré, no projecto de Comunidade Residencial Ribeirinha de Benga, que consiste em unidades habitacionais, uma escola primária e uma creche, já carrega essa visão de contribuir para fornecer a melhor solução habitacional sustentável, económica e de longo prazo para os futuros residentes. E é na constatação da crise ecológica global que se despoleta a sua vontade em ser um actor de mudança. Será durante o MFF, entre 18 e 26 de Outubro, que serão apresentados os primeiros resultados da pesquisa, contando com a interação com o próprio pesquisador.
Maior interação e troca de experiências
O MFF tem sido uma plataforma onde pessoas de diferentes lugares do mundo e com diferentes conhecimentos se encontram. Essa visão nesta edição do festival eleva-se ao incluir no programa as “Rodas de saberes”, que são espaços concebidos para um envolvimento e uma reflexão mais profunda sobre os temas do festival, oferecendo um formato mais dinâmico, horizontal e interativo.
Estas rodas de saberes pretendem também estabelecer uma hiperligação entre pessoas ou iniciativas que partilhem interesses, causas e objectivos semelhantes. Os temas das Rodas de Saberes incluem as áreas das novas tecnologias, ecologia e feminismo, decolonialidade, democracia e participação, inovação para projectos socioambientais.
Residência criativa New Kids
A residência criativa New Kids já é um símbolo do conceito Maputo Fast Forward e constitui uma demonstração do poder da interdisciplinaridade artística quando se junta ao talento e à irreverência juvenil. Desde 2022 que New Kids foi criado com a ideia de potencializar o talento de jovens artistas, impulsionar as suas carreiras, através da formação, colaboração e atribuição de ferramentas complementares para a profissionalização e sustentabilidade do trabalho artístico. Se nas duas edições anteriores – 2022 e 2023 – o projecto consistiu na criação de um musical, neste ano a diversidade do elenco da turma de criativos promete levar a experiência para algo que transcende um género artístico.
Neste ano, com a curadoria do coreógrafo Panaibra Canda, com mais de 25 anos de experiência em artes performativas, New Kids integra um designer de softwares (Alcino Chivangue), um actor e encenador (Fernando Maholela), um rapper, compositor e performer (Ismael Camal), um desenhador de luz (Mateus Nhamuche), um assistente de palco (Orlando Intimane), duas actrizes e bailarinas (Samira Massingue e Shanice Barbosa) e uma pianista e cantora (Yasmin Chilundo).
A equipa de mentores que rodeia estes jovens talentos inclui também Sazia Sousa, coordenadora de inovação do MFF, e Amminadab Jean, diretor musical. Os resultados desta experiência desafiadora para os criativos serão demostrados no decurso do MFF-Festival e promete ser um dos momentos marcantes.
MFF Bazaar
Durante todo o festival, o MFF Bazaar sera um espaço de apresentação de propostas concretas, inovadoras e criativas. Os participantes partilharão uma vontade comum de repensar a inovação e de quebrar os limites da imaginação em direcção a formas de vida mais equilibradas, através do design, da publicação, da reciclagem e de outros meios.
O Festival
Criado em 2016, o MFF é um festival bienal composto por vários eventos temáticos organizados em torno de um tema central e uma conferência internacional. Organizado pelo 16Neto, o festival procura estimular o ecossistema de inovação de Moçambique através de conferências, exposições, concertos, publicações, networking, pesquisas, workshops, masterclasses e residências. Ligando o local ao global e vice-versa.
O festival deste ano é financiado pela Embaixada da Suíça em Moçambique, a Fundação Inovação para a Democracia, o Centro Cultural Franco-Moçambicano, o Campus AFD, o Banco Mundial, o Programa de desenvolvimento internacional do Governo da Irlanda, o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua Portugal , a Embaixada de França em Moçambique e o programa Accès Culture do Institut Français.
Conta também com o apoio de vários parceiros, entre os quais a JFS, que cede o espaço, a Topack, que cede o equipamento necessário para a criação de uma cenografia original com recurso a produtos plásticos reciclados. Bem como os seus parceiros históricos, como a Fundação Fernando Leite Couto, a Spicy Malagueta e todos os outros nomes estão disponíveis no site do festival.
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Evolution Participações reconhecida com o selo “Made in Mozambique”
A empresa moçambicana Evolution Participações foi distinguida esta terça-feira (19) com o selo “Orgulho Moçambicano. Made in Mozambique”. A cerimónia que teve lugar no edifício do Governo da Província de Maputo reconhece a empresa pelo seu impacto directo no crescimento da produção nacional.
Trata-se de uma cerimónia dirigida pelo Governador da Província de Maputo, Manuel Tule, que, na ocasião, referiu que o selo serve, primeiro, para identificar aquilo que é nosso, por isso que também se chama “Orgulho Moçambicano” e, segundo, é uma forma de promover a produção local, pois, este selo, é importante para a identificação desta mesma produção.
“Nós achamos que a atribuição deste selo pode ser dinamizador da produção local e da valorização dos serviços que nós prestamos como moçambicanos e como residentes da província de Maputo, em particular”, referiu Tule.
Para o governador, a partir de hoje, a Evolution Participações passa a pertencer ao grupo das empresas que em qualquer lugar e a qualquer momento se pode apresentar como empresa moçambicana, que defende o consumo e produção local e que promove aquilo que é nosso e pode se apresentar fora do país como empresa moçambicana.
Já o CEO da Evolution Participações, Teodósio Rey, não tem dúvida que o selo “Orgulho Moçambicano. Made in Mozambique” é a comprovação de que se trata de uma empresa efectivamente ‘Made in Mozambique’, pois representa Moçambique, os moçambicanos e a moçambicanidade, portanto, “estamos muito felizes por passar a ostentar este selo, porque, realmente, o nosso propósito é mostrar que nós produzimos em Moçambique, para Moçambique, e porque somos moçambicanos”.
Ainda que a responsabilidade seja maior, a partir de hoje, Teodósio Rey garante que não terá um grande impacto naquilo que é o profissionalismo e dedicação da empresa. “Vamos continuar a trabalhar da mesma forma, embora tenhamos uma responsabilidade acrescida porque se alguém punha em causa as nossas inovações, como, eventualmente, feitos por estrangeiros aqui está a prova de que somos ‘made in mozambique’”, conclui o CEO.
Importa referir que o reconhecimento “Orgulho Moçambicano. Made in Mozambique” é uma iniciativa do Conselho Executivo Provincial de Maputo, através da Direcção Provincial da Indústria e Comércio.
Evolution Participações é uma empresa jovem e dinâmica que emprega mais de 100 funcionários, maioritariamente moçambicanos, actuando nas áreas de eventos, metalomecânica, turismo e construção civil, mas com projecções de crescimento e alargamento do seu escopo.
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Gritar “Povo no Poder” foi a pior experiência de Mana Cecy
A influenciadora digital Mana Cecy revelou ter passado por uma das experiências mais aterrorizantes de sua vida ao ser parada por manifestantes noturnos.
Segundo Cecy que se fazia acompanhar da sua família, os manifestantes a obrigaram a cantar ou gritar “Povo no poder” como demonstração de apoio aos protestos que têm ganhado força nas ruas de Moçambique.
Essas manifestações ocorrem em meio a um clima de insatisfação popular, após acusações de irregularidades nas recentes eleições e críticas à atuação do governo. Cecy descreveu o momento como assustador, mas ressaltou que conseguiu se proteger e evitar consequências mais graves.
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Nyusi quer que os influenciadores digitais não mostrem apoio às manifestações
Em um comunicado à nação realizado hoje, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, fez um apelo direto aos influenciadores digitais, pedindo que utilizem suas plataformas para desincentivar a violência nas ruas e contribuir para a estabilidade do país. O presidente destacou a responsabilidade que essas figuras públicas têm na formação de opiniões, especialmente em momentos de tensão social.
A declaração ocorre em um contexto em que alguns influenciadores têm demonstrado apoio a manifestações populares. Segundo o presidente, a prioridade deve ser a preservação da ordem pública e o diálogo pacífico entre cidadãos e governo.
O comunicado reforça a preocupação do governo com o impacto das redes sociais na amplificação de movimentos de protesto, e Nyusi concluiu apelando à colaboração de todos os sectores da sociedade para evitar a escalada de conflitos.