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Opinião

Filmes Moçambicanos que não podes morrer sem assistir

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Desde que o cinema teve início em 1895, quando os irmãos Louis e Auguste Lumière projectaram um filme pela primeira vez, em um café em Paris, um caminho sem volta abriu-se e nasceu o cinema.

Sabe-se que o ser humano sempre foi apaixonado por contar, viver e acompanhar boas histórias, de tal forma que desde a invenção do cinema, formas de relatar factos reais assim como fictícios vem crescendo.  

Neste artigo, apresentamos alguns filmes de curta e longa-metragem, que não podes morrer sem vê-los, pois carregam a realidade moçambicana, seja na mensagem  transmitida, história por de traz, assim como a representatividade cultural, tendo em conta a qualidade.

Para iniciar, garanta que sai do mundo dos vivos depois de assistir o filme  “Virgem Margarida”, uma longa-metragem do realizador moçambicano-brasileiro Licínio de Azevedo.

O filme é baseado em factos reais, e passa-se depois da independência de Moçambique (1975), quando os vitoriosos combatentes da guerra anticolonial assumem o controle do país, e as prostitutas de norte a sul de Moçambique foram levadas para centros de reeducação na convicção de que, através da disciplina e trabalhos forçados, impostos por militares de pureza revolucionária, corrigissem a má vida e se transformassem em novas mulheres que servissem a pátria, mas por equívoco, Margarida que nunca esteve sexualmente com nenhum homem foi levada e viveu os piores dias da sua vida.

Dez actrizes, e 150 figurantes mulheres, juntaram-se para dar vida à narrativa, que contou com a produção de uma equipa técnica composta por talentos provenientes de Portugal, Angola e África do Sul.

Comboio de Sal e Açúcar

https://www.youtube.com/watch?v=riZW7uxRWmk&t=238s

Depois de perceber o que aconteceu depois da independência, recomendamos que veja o filme “Comboio de Sal e Açúcar”, da autoria de Licínio Azevedo lançado em 2017 produzido por Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola.

A sua narrativa gira em torno da guerra civil que decorreu em Moçambique, no ano de 1988, onde militares escoltam um trem de carga lotado de mercadorias e pessoas que buscam uma vida melhor, longe da guerra, do percurso,  enfrentam vários desafios, ataques surpresas e sabotagens de um grupo paramilitar liderado por um homem que, segundo as lendas, pode transformar-se em macaco.

O filme ganhou dois prémios no XX Festival Khouribga, em Marrocos, e indicações para Prix du Public UBS (prêmio atribuído pelo público presente no Festival de Cinema de Locarno, na Piazza Grande) em 2016.

O Último Voo do Flamingo

Retrata da melhor maneira este dilema. Da autoria de Mia Couto, lançado em 2010,na direção do cineasta João Ribeiro, o drama decorre após o fim da guerra civil em Moçambique, quando estranhas explosões fazem desaparecer cinco soldados das forças de paz das Nações Unidas, apenas são encontrados seus capacetes e o pénis, o estranho acontecimento provoca uma série de eventos que resultam em uma investigação conduzida pelo major Massimo Risi (Carlo D’Ursi).

 

Dina

É um encontro com a realidade de muitas mulheres moçambicans que sofrem de violência doméstica, através da história da Dina, uma adolescente de 14 anos que sofre e presencia casos de violência doméstica.

O filme é uma produção da organização não-governamental N’wety, que colecionou cerca de prémios internacionais nos festivais internacionais de cinema da Nigéria, Burundi, Camarões (Écrans Noirs), Festival Lusófono e Francófono de Montpellier em França.

Homens Catanas 

lançados em 2020, retratando as fases da vida vividos por muitos moçambicanos nas cidades províncias de Maputo, Beira, Nampula e Niassa, onde os assaltantes usam catanas para golpear e dominar suas vítimas. O filme é uma produção da Pro-Filmes, Niassa Cinema, Nici TV.

AvóDezanove e o Segredo do Soviético

Segunda longa-metragem de João Ribeiro, “AvóDezanove e o Segredo do Soviético” éinspirado na obra do escritor angolano Ondjaki. O filme foi lançado em 2019, e retrata uma história de amor a pátria e a relação social das pessoas com o espaço em que elas vivem, fazendo de tudo para que não percam a terra que os viu nascer, entrando em choque com o governo, que apresenta outras ideias diferentes no uso da terra.

Chikwembo

Durante uma hora, Chikwembo, realizado por Júlio Silva, retrata o lado africano e moçambicano ligado a curandeirismos e rituais com invocação de espíritos. A ficção é narrada na sua totalidade na língua predominante no sul de Moçambique, Changana.

Ao Pestinhas e o Ladrão dos Brinquedos

Estreado em 2013 no Festival de Festival de Curta metragem (KUGOMA), tendo sido exibido em Portugal, Itália, Nigéria, Quénia dentre outros países, No ano de 2014 foi nomeado para categoria de Melhor Animação na Competição internacional AMAA Awards (Africa Academy Movie Awards).

O Resgate – Quando o passado bate a porta 

Uma produção da Mahla Filmes,  gira em torno de Bruno que depois de cumpir 4 anos de prisão por envolver-se em crimes resolve seguir com uma vida honesta, até que herdasse uma dívida feita, em vida, pela sua mãe, e caso não pague, o banco promete levar a casa deixada pela progenitora, agora única herança que tem.

O Grande Bazar

O filme que mostra a vida de dois rapazes que viram menino de rua e embora tivessem objectivos diferentes, tornam-se grandes amigos, sendo que um procura trabalho para readquirir o que lhe foi roubado e poder voltar a casa e o outro faz de tudo para não ter que viver com a sua família.

Perspectiva do meu Guetto

É um documentário sobre o contraste que existe na forma como olha-se os bairros periféricos, que é numa perspectiva artística e ao mesmo tempo social, produzido por Cecília Mahumane e Kelvin Nhantumbo.

Januário, o engenheiro à distância

Escrito por Rupia Júnior e dirigido por Milton Tinga, é uma curta-metragem com 5 minutos de duração que retrata a ineficácia do sistema nacional de educação moçambicano, mostrando um jovem universitário que se vê obrigado a interromper os estudos em regime presencial face à COVID-19.

O filme foi exibido na quarta edição da Mostra Itinerante de Cinemas Negros Mahomed Bamba (MIMB) no Brasil, onde foi considerado o filme com melhor roteiro.

Opinião

Tabasilly é o responsável pelo sucesso de Mr. Bow

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Tabasilly, é uma figura incontornável na construção de carreiras musicais em Moçambique. Entre 2013 e 2015, quando eu colaborava na Rádio Terra Verde, tive a oportunidade de testemunhar de perto a dedicação e generosidade de Taba, características que o tornaram um pilar no sucesso de vários artistas. 

Ele era responsável por levar as músicas do Mr. Bow para a rádio, mas o que mais me impressionava era sua insistência em garantir que as canções de seu amigo fossem tocadas, mesmo quando tinha suas próprias músicas para promover. Esse altruísmo revelou uma faceta rara no mundo competitivo da música: a disposição de impulsionar o talento alheio sem colocar o próprio ego em primeiro plano.

Apesar de insinuações de que Mr. Bow poderia se tornar uma ameaça ao seu próprio sucesso, Taba nunca via isso como um problema. Ele acreditava firmemente que havia espaço para todos brilharem, citando exemplos como Wazimbo, Antônio Marcos, Safira José, Domingas e Belita, e Rosália Mboa, que fizeram sucesso simultaneamente. Esse espírito colaborativo não só ajudou a moldar a carreira de Mr. Bow, mas também influenciou profundamente outros talentos emergentes.

Em 2020, conheci Kay Novela, um jovem talentoso que revelou que, em meio a muitas dificuldades, foi Tabasilly quem o ajudou a subir aos grandes palcos na África do Sul. Graças ao apoio de Taba, Kay conseguiu não apenas visibilidade, mas também estabilidade financeira e contatos valiosos.

O reconhecimento veio em 2020, quando Mr. Bow lançou o álbum *Story of My Life* e presenteou Tabasilly com um cheque de 100.000 MZN, como forma de agradecer por seu papel crucial na construção de seu sucesso. Além disso, foi Tabasilly quem introduziu Mabermuda a King Bow, facilitando colaborações que enriqueceram a cultura musical moçambicana.

Tabasilly não é apenas um músico talentoso, mas também um verdadeiro mentor e construtor de carreiras. Sua generosidade e visão colaborativa têm deixado uma marca indelével na música de Moçambique, abrindo portas e criando oportunidades para muitos artistas brilharem. Sua contribuição é um exemplo de como o sucesso pode ser alcançado não apenas através de talento individual, mas também através de apoio mútuo e solidariedade.

Texto de Mia Tembe

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Opinião

A história do Trio que queria ser uma Fam para sempre

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Nos anos 2000, Moçambique viveu um dos períodos mais vibrantes do rap e os Trio Fam foram um dos grupos mais destacados dessa era dourada.

Formado por Kaus, Cinzel e Kloro, o grupo não apenas marcou o cenário musical, mas também conquistou aplausos e reconhecimento de uma geração.

Antes conhecidos como Rappers Unit, depois Trio Fam, formavam mais do que um grupo de rap. Era uma família, uma “Fam” que transcendia os laços musicais.

As suas faixas falavam da vida nas ruas, dos desafios diários e dos sonhos de uma juventude que buscava o melhor num país como o nosso.

Sob a direcção do icónico DJ Beatkeepa, ex-manager da Track Records, os Trio Fam amplificaram a voz de todos os jovens com intervenções em músicas como “Au Suke” e Respeito Mútuo. Mas também conseguiram agradar a quem gostasse de abordagens mais Egotrip, com os clássicos “Mãos na Cabeça”, “J’yeah J’yeah”, “Continencia”, “Randza”, entre outros.

Mas, como muitas histórias de sucesso, os Trio Fam também tiveram os seus desafios. A parceria de longa data entre Kaus, Cinzel e Kloro, que parecia inquebrável, enfrentou dificuldades inesperadas após Kaus suspeitar que Kloro tinha desviado os fundos da Mukheru Music, que os três membros administravam.

A desconfiança que surgiu a partir desse episódio, criou a dissociação do grupo.
Entretanto, apesar do fim triste, o legado do Trio Fam permanece intocado. Kaus, Cinzel e Kloro, mesmo seguindo caminhos separados, deixaram uma marca inquestionável no hip-hop moçambicano.

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Opinião

A carta que Charles escreveria hoje ao Duas Caras

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Há mais de 10 anos, quando reinavam incertezas sobre a carreira do rapper moçambicano Duas Caras, um super fã do rapper, Charles, decidiu enviar uma carta para expressar a sua insatisfação com a situação

Trata-se de uma carta escrita em tempos longínquos, quando as redes sociais ainda eram novidade, tanto que a mensagem foi enviada por e-mail.

Uma “carta” que tocou o rapper e o inspirou a compor uma música que se tornaria um sucesso, marcando o seu retorno aos holofotes, ao lado de Rui Michael, estrela do rock em Moçambique.

A mensagem do fã foi clara: independentemente do sucesso, continuaria a apoiar o rapper, ignorando qualquer tipo de mudança. Mas e hoje? Duas Caras voltou a mudar, e agora a metamorfose é profunda.

O rapper já não se preocupa em lançar barras; agora o foco são danças e batidas para viralizar no TikTok, Facebook e Instagram, iniciado com a sua aventura pelo estilo Afrobeat, através do som “Fala como Homem, que é assinada pela label Geobek Records.

A verdade é que a sua saída do rap já tinha sido anunciada. A metamorfose começou com Djundava, um álbum que marcou o renascimento do rapper, depois de Duditos Way, que foi o último trabalho de Duas com o teor Hip-hop.

Foi em “Duditos Way” que Duas deu os “props” a todos que o acompanharam enquanto rapper. Neste trabalho, em “Ossos no Baú”, o rapper fez uma introspecção sobre sua carreira no rap moçambicano, mas como não foi Afrobeat, não chegou a todos.

“Não sei se o próximo rei fará melhor que o rei Duas”, diz ele na música, assumindo a passagem do bastão ao próximo rapper.

Ainda neste som, Duas pede que se dê flores aos que fizeram muito pelo hip-hop nacional, com ênfase para os membros da G-Pro, grupo de rap do qual fez parte.

Se Charles tivesse que escrever uma carta hoje, inicialmente, parabenizaria o rapper por ter conseguido lançar o seu primeiro álbum, e mais tarde, Afromatic.

Faria chegar a mensagem de que o “Cu Gordo” já não está como toque de chamada, mas “Gueime” está entre as opções, pois foi essa a resposta do rap ao fã, com a explicação com A+B de cada escolha.

Quando o Karma bate à porta

Desde que se aliou ao Afrobeat, o rapper está a ser atacado de todos os lados, até por rappers que nunca se pensou que o fariam. Parece que não basta ele querer; os rappers também devem querer. Flash Enccy, por exemplo, não fugiu do legado que tem com o rap, de bater de frente, tanto que mandou um “MotherFucker” ao Duas no Festival de Hip-Hop.

Há quem diga que o rapper está apenas a ser versátil ao aliar-se ao Afrobeat, numa versão que lembra bastante Burna Boy.

A questão é uma: sem Duas Caras, o rap moçambicano fica sem rei, apenas com o príncipe Hernâni da Silva Mudanisse.

Se Charles tivesse que escrever a segunda carta, diria ao rapper que não é que os colegas não entendam a sua mudança de estilo, mas é apenas o karma a bater à porta.

Duas Caras foi um dos que se opuseram à versatilidade dos rappers nacionais, esteve entre os que não apoiavam que um rapper dançasse e fizesse Pandza, estilo que não difere tanto do Afrobeat que hoje ele abraça.

Fora a aventura no Afrobeat, o que não se sabe é se Charles concordaria com as ausências de Duas no movimento Hip-hop, concretamente o Rapódromo. Duas criou o Rapódromo e hoje, diga-se de passagem, abandonou-o, passando a responsabilidade para Allan.

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