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Entrevistas

“Fazer música é o meu propósito de vida” – Elton Penicela

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Elton Penicela, o génio da nova geração de produtores em Maputo

Elton Penicela é um dos novos jovens e promissores produtores musicais que estão a surgir em Moçambique, concretamente na capital, Maputo, e vem conquistando o seu lugar.

O seu amor pela música começou na sua infância, quando, devido a  asma, era impedido de brincar como as outras crianças. Passava, então, mais tempo em frente às telas a assistir vídeos musicais, algo que era considerado incomum pelas pessoas ao seu redor.

Foi nesse contexto que descobriu um talento especial para a audição, pois escutava as músicas de forma diferente, dava atenção aos instrumentais e suas notas, ao contrário da maioria, que focava nas letras e nos ritmos. Nessa época, ouvia todos os tipos de música, e a vontade de desenvolver instrumentais começou a crescer dentro de si, e descobriu o beatbox com a ajuda de seu primo, que era rapper. 

Aos 16 anos, começou a explorar softwares de produção musical em seu celular e teve as suas primeiras experiências na área, iniciando um trabalho que passou a levar a sério, embora tenha ficado mais de três anos sem mostrar suas produções a ninguém por não acreditar na qualidade delas. 

Em 2022, decidiu adoptar a frase “Só é visto quem aparece” e começou a se expor mais.

Elton partilha no seu canal do YouTube o processo de produção de suas instrumentais

Durante seu crescimento, foi impactado por vários artistas, mas Ziqo e Denny Og foram os que mais o marcaram, especialmente porque tinha um disco de um show deles que assistia repetidamente. “No show, eles entravam de carro, e isso era fenomenal para mim”, disse Elton.

Além deles, Hernâni também teve grande influência sobre ele, moldando não apenas seu gosto musical, mas também sua personalidade. Quando uma de suas instrumentais foi incluída em um álbum de Hernâni, Penicela não escondeu a alegria e compartilhou o momento em suas redes sociais, considerando-o um marco em sua vida.

No ano passado, lançou o álbum colaborativo “Selesti” com Rober Mavila, membro da AOPDH, grupo musical conhecido pela música “Xindondi” que faz uma crítica às pessoas que se deixam levar pelos Caça-Níqueis (Xindondi) distribuídos pelas províncias e cidades de Moçambique.

Nesta colaboração Elton e Rober apresentam o 808qTwerka uma nova proposta musical que mistura ritmos nacionais e ocidentais do hip-hop, numa fusão que até vai em como devem ser dançadas as músicas, sem esquecer o uso das línguas maternas como forma de identificação cultural.

O álbum conta com 9 músicas foram feitas nesse contexto de alegria, ansiedade, questionamentos e espiritualidade mas com a características dançante.

A produção deste álbum permitiu que adquirisse mais experiência e levasse a música com mais seriedade, já que investiu seu dinheiro e precisa de retorno.

O álbum foi bem recebido, apesar de ser uma novidade, e isso reforçou ainda mais o desejo de Elton de continuar a trabalhar para impactar a vida das pessoas. Suas metas a longo prazo incluem ajudar aqueles que começaram com ele a prosperar e continuar a causar um impacto positivo, ganhando reconhecimento.

Segundo Penicela, gostaria de ter sabido no início de sua carreira que não é necessário produzir para grandes artistas, mas sim trabalhar com pessoas talentosas para que possam crescer juntos e, como produtor, ter o acesso necessário para construir algo único e fazer críticas directas e construtivas para ambos.

“Muitos produtores esperam inspiração, mas por levar a música a sério, não faço isso“, afirma Elton.

O produtor acredita que não se deve esperar por inspiração para produzir, pois isso pode limitar seu trabalho. “Um médico ou professor não espera estar inspirado para trabalhar, eles precisam trabalhar.”

Produções de Elton Penicela

Como um homem que se sente vivo em movimento, actualmente trabalha no próximo álbum do rapper Konfuzo e na sua Mixtape com Franklin Gusmão. Embora mantenha muitos detalhes em segredo, promete que serão um sucesso e mais um capítulo documentado de sua trajectória na música.

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AOPDH prepara primeiro show a solo

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O grupo AOPDH prepara-se para realizar o seu primeiro show a solo, intitulado Peta Trap no dia 12 de outubro, no Centro Cultural Moçambicano Alemão, na cidade de Maputo, 

Para o grupo, o evento marca um momento especial na carreira do grupo, que tem construído sua trajectória com parcerias, mas agora celebra a realização de um show próprio. 

Em entrevista, os membros do grupo afirmaram que este é um dos primeiros eventos onde têm total controle criativo, o que proporcionará uma experiência mais próxima e personalizada para o público.

Segundo a AOPDH, o show será uma oportunidade única para os fãs verem de perto uma performance que reflecte directamente a essência do grupo, com músicas que abordam questões da sociedade de forma sincera e sem filtros. 

Durante a entrevista destacaram a importância de cantar em línguas locais, como tem feito em seus trabalhos, o que representa o cotidiano e a cultura do sul de Moçambique. Para eles, a música vai além do mercado e do marketing, sendo uma forma de expressão autêntica, conectando-os ao público de maneira significativa.

“Queremos criar um espaço na música popular para expressar aquilo que se vive na sociedade”

Phiskwa membro da AOPDH

Os integrantes da AOPDH também ressaltaram que o show será uma chance de criar um espaço de diálogo e interação com os fãs, algo que ainda é escasso no cenário musical local. O grupo, prometeu uma apresentação que não apenas revela a profundidade de suas letras, mas também oferece uma experiência de palco memorável, com energia e proximidade.

“Acreditamos que quem vai nos conhecer no show, vai ter uma boa experiência de certeza” disse  Phiskwa membro da AOPDH. Este show, cujo a entrega está condicionada ao pagamento de 100 a 200 meticais,terá uma transmissão em directo, no Youtube da 16 Cenas.

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Rumo ao seu lugar no rap, Nélio OJ lança “Ninguém Fará por Nós”

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O rapper moçambicano Nélio OJ lançou recentemente o seu novo projecto, “Ninguém Fará por Nós”, com uma mensagem clara e urgente: a responsabilidade de transformar Moçambique está nas mãos dos seus cidadãos, especialmente da juventude. 

O título da mixtape reflecte o descontentamento de Nélio ao observar que muitos moçambicanos estão a desistir de lutar por um futuro melhor.

“Se não formos nós a lutarmos para mudar ou melhorar o nosso país, ninguém fará por nós”

Nélio OJ

Nélio OJ revela que o início da sua carreira foi marcado por desafios. Ao fazer parte de um grupo onde era o único com uma visão interventiva para o rap, teve de se adaptar ao ambiente, algo que, apesar das dificuldades, o ajudou a ganhar experiência na cena musical.

 Após a separação do grupo, sentiu-se livre para seguir o seu próprio caminho e dar vida ao estilo de rap que sempre desejou produzir.

escute seus trabalhos aqui

“Cometi alguns erros, mas foram esses erros que me tornaram o que sou hoje”, reflete o rapper. Ele destaca que, embora a carreira de rapper em Moçambique seja desafiante, não vê isso como motivo para desistir.

Inspirado pela realidade moçambicana, os desafios sociais, políticos e as dificuldades enfrentadas pela sociedade no dia a dia, Nélio OJ busca utilizar a sua música como um reflexo desses problemas e uma chamada à ação. A mixtape “Ninguém Fará por Nós” é um projecto pessoal, que Nélio descreve como o seu “BI artístico”, um meio para que o público conheça o verdadeiro artista por trás das letras. 

“Estou aqui para fazer a minha parte porque ninguém fará por mim”

Nélio OJ

OJ cita como influências nomes de peso tanto da cena nacional quanto internacional, como Azagaia, Valete, Emicida, Gabriel o Pensador, MC Marechal, Eminem, J Cole, Nas, Hernâni da Silva e MCK, de quem ele procura absorver elementos que o inspiram a continuar a sua jornada.

O principal objetivo de Nélio com este projecto é evoluir profissionalmente e levar a sua música ao maior número possível de moçambicanos, sejam eles apreciadores de rap ou não. “Quero que as minhas letras sirvam de inspiração para as pessoas, que libertem e curem mentes”, conclui o artista, deixando claro que a sua missão vai além do entretenimento, buscando impactar e transformar vidas por meio da sua arte.

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Franklin Gusmão e Elton Penicela apresentam “Flow da Munhava”

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“Flow da Munhava” é o novo trabalho discográfico que uniu mais uma vez  Elton Penicela e Franklin Gusmão, para juntos criarem letras com histórias do cotidiano em ritmos moçambicanos e trap. 

Disponível em algumas plataformas de streaming, o trabalho colaborativo oferece uma experiência auditiva única. Em uma entrevista a Xigubo, Franklin Gusmão revelou as inspirações e o processo criativo por trás deste projecto.

Franklin Gusmão revelou no início da nossa conversa que uma das coisas que mais ama neste projecto é o facto de ter sido feito de forma espontânea, facilitado pela química entre ele e Elton.

Explica ainda que a inspiração para criar o alter ego GUSTTAVO e a mixtape veio da necessidade de representar a terra que viu seus pais crescer, Sofala. Franklin desenvolveu essa vontade quando viveu lá por um tempo, e acredita que a representação é perceptível no sotaque do GUSTTAVO.

O processo criativo por trás das músicas foi simples devido à parceria sólida entre os dois artistas, segundo contam. Elton enviava os beats ou Franklin os pedia, e, com base no que ouvia, reencarnava GUSTTAVO, e o resto se desenrolava naturalmente. 

“Não podemos esquecer das nossas raízes” – Franklin Gusmão

Essa facilidade de colaboração resultou em uma fusão harmoniosa de ritmos nacionais e trap, com a intenção de manter a representatividade e não esquecer as raízes culturais. Franklin acredita que não é necessário buscar samples estrangeiros para fazer bons beats, e Elton tem demonstrado isso em suas produções, misturando elementos tradicionais com toques modernos para a nova geração.

A fusão de ritmos presentes em “Flow da Munhava” é um subgênero que os artistas chamam de “808qTwerka”. O 808, um tipo de baixo popular em instrumentais de trap, é programado de maneira não convencional, criando uma batida que incita o público a dançar. Este é o segundo projecto que apresenta esse gênero após “Selesti” com Rober Mavila. 

A criação de um alter Ego para expor sentimentos ocultos

Franklin revelou que nunca escreveu as músicas na primeira pessoa; embora alguns o chamem de Gusttavo, apenas interpreta essa persona. Gusttavo não é tratado como uma pessoa, mas como um sentimento, uma ideia, uma representação da luxúria presente nos homens, daí que acredita que todo homem tem pensamentos ocultos que não são expressos por questões de ética. 

Gusttavo é a representação desses pensamentos ocultos em sua forma mais pura e sem filtros. Ele afirma que nunca diria ou faria o que Gusttavo diz fazer, mas admite que já teve esses pensamentos, assim como todos nós já tivemos em algum momento.

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