Cultura
Eduardo Quive junta-se a Chimamanda Adichie numa oficina criativa pan-africana
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O escritor e jornalista moçambicano, Eduardo Quive, encontra-se desde segunda-feira em Accra, no Gana, a participar de uma oficina de escrita criativa, liderada pela escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
A iniciativa denominada CANEX Creative Writing Workshop acontece pela primeira vez neste ano e envolve vinte escritores africanos e diásporas africanas. O objectivo é acelerar e desenvolver as técnicas criativas dos autores, estabelecer redes criativas e a profissionalização do trabalho literário, rumo a uma indústria criativa sustentável em África.
O workshop inclui destacados autores africanos e profissionais da área jurídica e empresarial que fornecerão informações e ferramentas valiosas sobre os aspectos jurídicos e comerciais da profissão de escritor.
Eduardo Quive mostra-se entusiasmado em integrar o conjunto restrito de escritores envolvidos na iniciativa. “este workshop tem a profundidade de incluir a componente que nós os escritores não gostamos: encarar a escrita como trabalho e, como tal, termos de ser remunerados de alguma forma.
E a forma clássica de remuneração na escrita, são os direitos autorais, os contratos editoriais. Isso leva-nos para outras questões relacionadas ao próprio livro e tudo o que se pode desenvolver à volta dele. Penso que é por isto sobretudo que tenho a vontade de estar neste encontro.
E depois vem outro elemento importante, a ligação com o nosso continente. São poucas oportunidades que nos juntam entre africanos, na nossa diversidade e complexidade. Vai ser bom encontrar e conhecer autores africanos e por via disso traçar possíveis rotas de mobilidade para as nossas obras”, explicou.
Desde logo o facto de o evento reunir sobretudo escritores jovens de países como Gana, Namíbia, Madagáscar, Nigéria, Uganda, Ruanda, Sudão, Egipto e Angola, com outros autores consagrados do continente, nomeadamente, Hawa Jande Golakai, da Libéria, Richard Ali Mutu, do Congo, Eghosa Imasuen, da Nigéria e Zukiswa Warner, da África do Sul, está patente a ideia de estabelecer laços e ligar as produções e os criativos do continente.
“É evidente que em Moçambique há de forma generalizada, pouca informação sobre o que se produz em termos de literatura em África. Pode ser que a língua seja uma barreira, mas certamente que há, sobretudo, uma ausência de interesse em assuntos africanos, incluindo, a própria cultura. Há um trabalho que nos últimos anos estamos a fazer no sentido de ligarmo-nos a estes países que muito do que vivem se assemelha a nós.
Já em 2015, quando fizemos o festival Literatas, tivemos uma escritora zimbabweana como convidada. Posso recorrer também a 2020 que chegamos a ter um conjunto de entrevistas a escritores africanos na iniciativa que resultou no livro “O Abismo aos pés”. Eu próprio já estive em eventos em países como Angola e Etiópia, por exemplo. Então há todo um esforço de ler, conhecer e fazer coisas entre autores africanos.
A janela é que é pequena. Então iniciativas como estas, podem transformar essa janela numa porta enorme.” afirmou Eduardo Quive, a partir do Gana, onde já está a desenvolver actividades no âmbito do workshop.
Creative Africa Nexus, CANEX, é uma iniciativa lançada pelo Banco Africano de Exportação-Importação (Afreximbank) para apoiar e impulsionar as indústrias criativas e culturais de África. O programa tem como objectivo abordar os desafios enfrentados pela economia criativa, fornecendo um conjunto abrangente de ferramentas, incluindo o acesso ao financiamento, o desenvolvimento de capacidades, o apoio ao comércio e a promoção do investimento.
O CANEX Workshop de Escrita Criativa é organizado em colaboração com a The James and Grace Adichie Foundation, uma fundação criada em 2023 para
orientar e promover as carreiras literárias de escritores, editores e outros criativos promissores, com a Narrative Landscape Press Limited. Eduardo Quive tem o percurso marcado por criação de condições para encontros, intercâmbios e projectos colectivos nas artes e na literatura em particular. Recentemente, lançou o livro de contos “Mutiladas” (Catalogus) e coordena uma série de encontros literários mensais nas cidades de Maputo e Matola.
Cultura
Maputo recebe terceira edição da exposição “Encontros do Património Audiovisual”
A cidade de Maputo inaugurou esta segunda-feira (27) a terceira edição da exposição Encontros do Património Audiovisual, iniciativa que convida a refletir sobre a memória audiovisual dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
A mostra está estruturada em três eixos principais. O primeiro apresenta uma vídeo-instalação que combina recortes de documentos, cartas e notícias com vídeo arte, resultado do trabalho da artista franco-sérvia Mila Turajlić, que pesquisa o antigo cinejornal jugoslavo e materiais filmados para movimentos de libertação em África. Entre o acervo analisado, destaca-se o espólio de Dragutin Popović, operador de câmara da Filmske Novosti, que filmou para a Frelimo na Tanzânia, material que deu origem ao filme Venceremos.
O segundo eixo presta homenagem aos 40 anos da estreia do filme moçambicano “O Tempo dos Leopardos”, com roteiro de Luís Carlos Patraquim, Licínio Azevedo, Zdravko Velimirović e Branimir Šćepanović, e fotografia de Victor Marrão.
O terceiro eixo é constituído por uma vídeo-instalação com entrevistas a antigos funcionários de salas de cinema do Instituto Nacional de Cinema, resultado de um levantamento documental e mapeamento de profissionais ligado à história do cinema moçambicano, desenvolvido pela Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique (AAMCM), que mantém esse material como principal acervo.
A exposição proporciona ao público uma viagem pela memória audiovisual da região, destacando tanto o cinema histórico como a investigação artística contemporânea.
Cultura
Edna Jaime apresenta “Nyiko – A Celebração” no Franco-Moçambicano
A performer moçambicana Edna Jaime apresenta “Nyiko – A Celebração” na sexta-feira, 24 de Outubro, às 19h, na Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM).
O espectáculo é uma obra de dança contemporânea que funde movimentos e ritmos tradicionais moçambicanos com linguagens coreográficas modernas, celebrando a gratidão, a resiliência e a união comunitária, bem como a diversidade e singularidade do dom (Nyiko) presente em cada indivíduo.
Com diferentes disciplinas artísticas em palco, a criação constrói uma narrativa visual e sonora que conecta corpo, ritmo e ancestralidade. O elenco reúne Francisco Macuvele, Alberto Nhabangue, Sucre da Conceição, Diogo Amaral, Sussekane, Radjha Ally e a Associação Cultural Machaka, num colectivo que celebra a força da colaboração e o poder do movimento.
“Nyiko – A Celebração” é um convite a partilhar histórias, memórias e emoções, exaltando a vida em comunidade e a importância das contribuições individuais dentro do colectivo. Ciente do valor cultural e social da obra, a organização convida os órgãos de comunicação social a estarem presentes e cobrirem este momento especial.
Edna Jaime, nascida em Setembro de 1984, em Maputo, é uma performer e coreógrafa moçambicana com mais de duas décadas de carreira internacional. Começou a sua formação artística na Casa da Cultura de Maputo em 1996, especializando-se em dança tradicional e canto.
Em 2001 descobriu a dança contemporânea, área na qual construiu uma trajectória marcada pela inovação e interculturalidade, colaborando com artistas moçambicanos e internacionais e participando em projectos que unem dança, cinema e performance.
Entre os seus trabalhos mais marcantes estão “Niketche” (2005), apresentado em França no festival Danse L’Afrique Danse, e “Lady, Lady” (2016), uma colaboração entre Moçambique, África do Sul e Madagáscar. Com a coreografia “O Bom Combate”, conquistou o Prémio Reconhecimento ZKB – 2021, na Suíça.
Em 2021 fundou a KHANI KHEDI – Soluções Artísticas, produtora que orienta os seus projectos e iniciativas de artivismo, promovendo a reflexão social através da arte. Entre os trabalhos mais recentes destacam-se a performance no Melhor Vídeo de Hip Hop Moz – 2022 e o Projecto Fotográfico “7 de Abril” (2023), em parceria com Ivan Barros, que homenageia a mulher moçambicana como artista e agente de transformação social.
Cultura
Xisute: dança contemporânea e tradição moçambicana unem-se em manifesto contra a violência
A Associação Cultural Converge+ e o Projecto Festival Raiz anunciam a apresentação da mostra Xisute, uma criação conjunta das artistas Carol Naete, Joana Mbalango, Regina Cuamba e Rostalina Dimande, que será exibida no dia 7 de Novembro de 2025, às 19h, na Casa Velha.
Xisute nasce do diálogo entre a dança contemporânea e os movimentos tradicionais moçambicanos, trazendo para o centro o símbolo da cintura feminina espaço de vida, beleza e feminilidade, mas também território de opressão e violência.

O corpo da mulher, em cena, evoca a sua ancestralidade, dançando a sensualidade como potência vital e não como objecto de exploração. Entre ondulações e gestos interrompidos, a coreografia revela cicatrizes, dores e silêncios do feminicídio, transformando cada movimento em acto de resistência.
Nesta mostra, a cintura antes controlada ergue-se como testemunho de dignidade e libertação. Xisute é um manifesto coreográfico contra a violência, um conto de memórias e uma celebração da esperança, onde a beleza e a feminilidade florescem como raízes de liberdade.