Cultura
Afonso Moquivorreira, um cineasta em ascensão em Moçambique
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Afonso Maquivorreira é o nome de uma das promessas do cinema em Moçambique, responsável pela produção do filme em “Linhas Tortas” disponível no Net Kanema, plataforma de cinema moçambicano.
A sua paixão pelo cinema, começou na sua infância, onde em suas brincadeiras já se imaginava produzindo grandes filmes e recebendo óscares. Em 2020 com a chegada da pandemia a sua paixão e vontade de fazer cinema triplicou, fazendo vários ensaios, até que em 2021, conseguiu gravar o seu primeiro filme, e disponibilizar em 2022.
“Linhas Tortas” é o seu segundo curta-metragem, e foi gravado na Vila de Manhiça. O filme que traz uma fusão de drama, acção e crime, conta uma história de perda e superação. A sua narrativa inicia quando Pedro perde um parente próximo e querido, o que o coloca em uma situação difícil quanto a sobrevivência e tem que lidar com pessoas muito perigosas e sua amizade com Afonso é testada pelas adversidades da vida.
Em conversa com a Xigubo, o cineasta contou que a gravação da curta-metragem vem para confirmar mais uma vez que é possível realizar um sonho, com poucos recursos e acima de tudo realizar os seus sonhos. Ainda falando sobre o filme o cineasta, revelou que teve dificuldades a gravação do trabalho audiovisual, pois não tem familiares em Manhiça onde decorreram as filmagens, sendo assim teve que contar com a ajuda de alguns actores que o receberam em suas casas por uma semana, porém afirma que foi uma óptima experiência.
“Foi uma satisfação saber que o meu filme está disponível na Net Kanema, significa que o meu trabalho está ganhando visibilidade. Agradecer o Ivandro Maocha por apoiar os cineastas independentes ao divulgar os seus trabalhos, só assim vamos devolvendo a glória do cinema moçambicano” revelou o cineasta, quando questionado sobre como foi ou é ter um dos seus filmes expostos no Net Kanema
Seus planos a curto, médio e longo prazo, para além ganhar um Óscar ter seus filmes exibidos em festivais nacionais e internacionais, são revolucionar o cinema moçambicano contribuindo para enraizar a cultura de cinema local nos moçambicanos.
“Meu sonho é que haja uma indústria de cinema em Moçambique que seja rentável. Agora o que fazer para que esse sonho se realize serão as minhas conquistas individuais ou colectivas. Mas o fim último é criar uma indústria em Moçambique, essa é a minha grande ambição”
Sobre a sétima arte em Moçambique, acredita que o barco está a bombordo, pois tem visto muitos jovens talentosos surgem a cada dia, e nota que o número de eventos relacionados ao cinema tem vindo a aumentar, faculdades viradas a ensinar cinema, e recentemente novelas e filmes nacionais a passarem em canais nacionais.
“O cinema está num bom caminho acredito que daqui a 10 anos Moçambique será uma das potências da lusofonia pois é muito rica culturalmente” finalizou o cineasta.
Cultura
Énia Lipanga participa do III congresso de direitos humanos e povos originários em Brasil
Énia Lipanga, poetisa e activista social de Moçambique, viaja mais uma vez para o Brasil como uma das vozes convidadas para o III Congresso de Direitos Humanos e Povos Originários, que acontece em Boa Vista, nos dias 21 e 22 de novembro de 2024.
No evento, Lipanga une sua perspectiva literária à luta pelos direitos humanos e pela valorização das culturas indígenas, participando no painel “Educação de Minorias” com uma palestra sobre “A liberdade feminina em poesias”.
Com profunda sensibilidade, Lipanga olha a poesia como uma poderosa ferramenta de resistência e expressão. “A liberdade é não apenas um direito, mas uma prática cotidiana de resistência e expressão,” afirma.
Para ela, a poesia abre um espaço essencial para “explorar as dores e as alegrias da luta feminina,” permitindo que mulheres de todas as origens reescrevam suas histórias e “rompam silêncios”. Sua palestra é uma reflexão sobre como a literatura pode transformar o entendimento sobre igualdade e autoconhecimento, em um caminho marcado pela resiliência.
A presença de Lipanga no congresso também é uma oportunidade de ampliar o diálogo entre a literatura moçambicana e o movimento pelos direitos das mulheres. Inspirada pelas obras de figuras icônicas de Moçambique, como Lília Momplé e Noémia de Sousa, Lipanga espera levar à audiência brasileira o contexto histórico e cultural da luta por liberdade em seu país.
“Quero resgatar essas vozes para que a audiência compreenda que a busca pela liberdade em Moçambique tem raízes antigas e marcantes,” declarou.
Ainda embalada pela energia de sua recente digressão “Composta de Ti(s)” pelo Brasil, onde ministrou palestras e participou de saraus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, Lipanga destacou o impacto dessa conexão intercultural. “Foi uma jornada transformadora, cheia de encontros e trocas que refletem a minha própria história.”
Cultura
Embaixador do Turismo em Moçambique visita Bazaruto e diz que é preciso valorizar o que é nosso
No último sábado, 28 de setembro, o músico e produtor DJ Ardiles, embaixador do turismo em Moçambique, visitou o arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, onde ficou encantado com o potencial turístico desta região e saiu com mais certeza de que é preciso valorizar o que é nosso.
Como embaixador de turismo do país, DJ Ardiles acredita que este paraíso devia ser mais explorado pelos moçambicanos e convida a todos a visitarem, porque é do nosso país e devemos sentir orgulho do mesmo. Por isso, o músico pretende continuar a fazer o seu papel de promover este e outros locais turísticos de modo com que todos tenham acesso à informação, conheçam e possam visitar. Na sua visão, valorizar o que é nosso vai desde consumir produtos locais e divulgá-los até tornarem-se comerciais.
Conhecido pelas suas praias de areia branca, águas cristalinas e uma rica vida marinha, Bazaruto é um destino ideal para mergulho, snorkeling e passeios de barco. Os recifes de corais que cercam as ilhas são lar de uma variedade de espécies marinhas, incluindo peixes coloridos, tartarugas e até golfinhos. Ao visitar este local, DJ Ardiles também reflectiu sobre a importância de se continuar a preservar as diversas espécies marinhas da nossa costa e encorajou o Governo a continuar com o trabalho que tem feito para a conservação das mesmas, assim como o público em geral a fazer a sua parte.
Além das suas belezas naturais, o arquipélago também possui uma rica herança cultural. A interacção com as comunidades locais permite aos visitantes conhecer tradições, a gastronomia e a hospitalidade característica da região.
Segundo DJ Ardiles, o desenvolvimento sustentável do turismo em Bazaruto é crucial para preservar este paraíso, por isso, incentiva também investimentos em infra-estruturas que respeitem o meio ambiente e promovam a conservação dos ecossistemas.
Fast Food
“Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim”- Mia Couto
O escritor moçambicano Mia Couto, famoso por suas obras, frequentemente aborda a temática do tempo em suas entrevistas e livros. Para o escritor, o tempo e as idades devem ser encarados como travessias, uma visão que permeia sua produção literária.
Em um curto vídeo recente, Mia Couto expressa seu desejo de atravessar o tempo de maneira distraída, sem se deixar prender por suas limitações. Essa mesma reflexão está presente no poema “O espelho”, escrito em 2006, no qual o autor discorre sobre a perplexidade diante do envelhecimento e como a luz da idade revela nosso verdadeiro reflexo.
Confira abaixo o poema que explora essa temática:
O espelho
“Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.”
Maputo, 2006