Cultura
Paulina Chiziane quer criar fundação para ajudar mulheres em Moçambique
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A escritora moçambicana Paulina Chiziane anunciou sua intenção de estabelecer uma fundação voltada para a promoção e apoio às mulheres em seu país. Reconhecida como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo este ano, Chiziane revelou seu projecto após uma audiência com a ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote Allen, em Luanda, na sexta-feira passada, segundo escreve o jornal de Angola.
A fundação, segundo Chiziane, será um espaço destinado a perpetuar seu legado para as próximas gerações, concretizando um sonho há muito acalentado. “Chegou o momento de iniciar essa construção”, enfatizou a escritora de 68 anos, cujo trabalho inclui 13 obras literárias, marcando seu pioneirismo como a primeira mulher moçambicana a publicar um romance em seu país e a primeira mulher negra a receber o prestigioso Prêmio Camões. Recentemente, sua nomeação entre as 100 mulheres mais influentes do mundo reforçou seu impacto global.
Autora do livro “Balada de Amor ao Vento”, lançado nos anos 90, Chiziane vê sua trajetória como um testemunho de que qualquer jovem, independentemente de sua origem, possui o poder de superar obstáculos. “É possível, porque eu mesma vim do chão e conquistei o mundo de pés descalços. Hoje, sou cidadã do mundo”, ressaltou.
Além de discutir seu trabalho recente, que inclui a produção de um disco musical chamado “Msaho” (Festa), Chiziane aproveitou a audiência com Dalva Ringote para destacar a importância de deixar um legado para as próximas gerações moçambicanas, africanas e globais por meio da criação desta fundação. Ela também enfatizou a necessidade de cooperação entre moçambicanos e angolanos, reconhecendo um legado compartilhado entre seus antepassados.
Chiziane expressou a importância de seguir o exemplo de líderes anteriores, como Agostinho Neto, Samora Machel e Eduardo Mondlane, que se uniram para moldar o presente que vivemos hoje. Ela enfatizou que a construção de uma nova África resultou da colaboração entre nações, corações e sonhos diversos.
O encontro com a ministra terminou com um compromisso mútuo de colaboração para construir um futuro melhor, seguindo o legado deixado pelos antecessores. Essa parceria pretende trazer à vida um mundo novo, enraizado nos valores e sonhos que moldaram o continente africano.
Cultura
Énia Lipanga participa do III congresso de direitos humanos e povos originários em Brasil
Énia Lipanga, poetisa e activista social de Moçambique, viaja mais uma vez para o Brasil como uma das vozes convidadas para o III Congresso de Direitos Humanos e Povos Originários, que acontece em Boa Vista, nos dias 21 e 22 de novembro de 2024.
No evento, Lipanga une sua perspectiva literária à luta pelos direitos humanos e pela valorização das culturas indígenas, participando no painel “Educação de Minorias” com uma palestra sobre “A liberdade feminina em poesias”.
Com profunda sensibilidade, Lipanga olha a poesia como uma poderosa ferramenta de resistência e expressão. “A liberdade é não apenas um direito, mas uma prática cotidiana de resistência e expressão,” afirma.
Para ela, a poesia abre um espaço essencial para “explorar as dores e as alegrias da luta feminina,” permitindo que mulheres de todas as origens reescrevam suas histórias e “rompam silêncios”. Sua palestra é uma reflexão sobre como a literatura pode transformar o entendimento sobre igualdade e autoconhecimento, em um caminho marcado pela resiliência.
A presença de Lipanga no congresso também é uma oportunidade de ampliar o diálogo entre a literatura moçambicana e o movimento pelos direitos das mulheres. Inspirada pelas obras de figuras icônicas de Moçambique, como Lília Momplé e Noémia de Sousa, Lipanga espera levar à audiência brasileira o contexto histórico e cultural da luta por liberdade em seu país.
“Quero resgatar essas vozes para que a audiência compreenda que a busca pela liberdade em Moçambique tem raízes antigas e marcantes,” declarou.
Ainda embalada pela energia de sua recente digressão “Composta de Ti(s)” pelo Brasil, onde ministrou palestras e participou de saraus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, Lipanga destacou o impacto dessa conexão intercultural. “Foi uma jornada transformadora, cheia de encontros e trocas que refletem a minha própria história.”
Cultura
Embaixador do Turismo em Moçambique visita Bazaruto e diz que é preciso valorizar o que é nosso
No último sábado, 28 de setembro, o músico e produtor DJ Ardiles, embaixador do turismo em Moçambique, visitou o arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, onde ficou encantado com o potencial turístico desta região e saiu com mais certeza de que é preciso valorizar o que é nosso.
Como embaixador de turismo do país, DJ Ardiles acredita que este paraíso devia ser mais explorado pelos moçambicanos e convida a todos a visitarem, porque é do nosso país e devemos sentir orgulho do mesmo. Por isso, o músico pretende continuar a fazer o seu papel de promover este e outros locais turísticos de modo com que todos tenham acesso à informação, conheçam e possam visitar. Na sua visão, valorizar o que é nosso vai desde consumir produtos locais e divulgá-los até tornarem-se comerciais.
Conhecido pelas suas praias de areia branca, águas cristalinas e uma rica vida marinha, Bazaruto é um destino ideal para mergulho, snorkeling e passeios de barco. Os recifes de corais que cercam as ilhas são lar de uma variedade de espécies marinhas, incluindo peixes coloridos, tartarugas e até golfinhos. Ao visitar este local, DJ Ardiles também reflectiu sobre a importância de se continuar a preservar as diversas espécies marinhas da nossa costa e encorajou o Governo a continuar com o trabalho que tem feito para a conservação das mesmas, assim como o público em geral a fazer a sua parte.
Além das suas belezas naturais, o arquipélago também possui uma rica herança cultural. A interacção com as comunidades locais permite aos visitantes conhecer tradições, a gastronomia e a hospitalidade característica da região.
Segundo DJ Ardiles, o desenvolvimento sustentável do turismo em Bazaruto é crucial para preservar este paraíso, por isso, incentiva também investimentos em infra-estruturas que respeitem o meio ambiente e promovam a conservação dos ecossistemas.
Fast Food
“Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim”- Mia Couto
O escritor moçambicano Mia Couto, famoso por suas obras, frequentemente aborda a temática do tempo em suas entrevistas e livros. Para o escritor, o tempo e as idades devem ser encarados como travessias, uma visão que permeia sua produção literária.
Em um curto vídeo recente, Mia Couto expressa seu desejo de atravessar o tempo de maneira distraída, sem se deixar prender por suas limitações. Essa mesma reflexão está presente no poema “O espelho”, escrito em 2006, no qual o autor discorre sobre a perplexidade diante do envelhecimento e como a luz da idade revela nosso verdadeiro reflexo.
Confira abaixo o poema que explora essa temática:
O espelho
“Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.”
Maputo, 2006