Na busca incessante pela paz e harmonia em Moçambique, a renomada escritora e pan-africanista Paulina Chiziane utiliza a música como poderosa ferramenta. Seu mais recente single, intitulado “Livaningo“, lançado recentemente, tem como objectivo exaltar a reconciliação e o amor entre os moçambicanos.
Inspirada na tradição dos mais velhos, que oram e realizam rituais para garantir a união e o foco de seus descendentes, evitando conflitos internos, Paulina Chiziane viu na música a oportunidade de conectar a vida espiritual à vida quotidiana, tornando a poesia mais acessível através da melodia e enriquecendo a sensibilidade artística.
O single, cujo significado em português é “Luz”, representa a esperança da escritora em iluminar os lares e corações das famílias moçambicanas, buscando um ambiente pacífico e harmonioso. Para preservar a valorização cultural, a canção é cantada em “Changana”, a língua predominante na região sul do país, em Maputo.
Não é a primeira vez que Paulina Chiziane utiliza a música como veículo para promover ideais. Seu sucesso anterior, “Vuka África”, que significa “Acorda África” em português, já havia despertado os africanos da cegueira colonial, tornando-a uma figura influente no cenário artístico e social.
Além de suas contribuições musicais, a escritora recebeu o prestigioso Prêmio Camões 2021, uma das maiores honrarias da língua portuguesa, no valor de 100 mil euros. Em seu discurso de premiação, enfatizou a importância da descolonização da língua portuguesa, destacando a riqueza e o poder das narrativas que fazem parte da cultura moçambicana.
Paulina Chiziane, também conhecida como a primeira mulher moçambicana a publicar um romance, recusou posteriormente o título de romancista, preferindo se autointitular “Contadora de estórias”, sublinhando assim sua dedicação em preservar e compartilhar as ricas histórias que moldam a identidade cultural de Moçambique.