Cultura
Paulina Chiziane aventura para o Afro-Fado

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A escritora moçambicana Paulina Chiziane lançou recentemente três novas músicas do afro-fado.
Os temas “Mãe”, “Quem Tu És” e “África” contam com a participação do músico Eugénio Sumbane e trazem à tona um diálogo entre ancestralidade, espiritualidade e a história do povo negro.
A escritora multifacetada explica em um comunicado que tivemos acesso, que a inspiração nasce da própria origem do fado, cuja raiz, segundo várias bibliografias, está associada ao sofrimento africano levado nas caravelas portuguesas.
“Somos de várias raças, várias culturas, vários continentes, mas somos um só povo: o povo de Deus! Hoje trago-vos o afro-fado. Confirmam muitas bibliografias que o fado chegou à Europa e ao Brasil através dos navios negreiros. As caravelas portuguesas que invadiram África vinham cheias de ganância, mas vazias de cantigas da alma. Regressaram cheias de escravos negros que, cantando, elevavam a sua oração ao transcendente, mas ficaram eternamente perdidos no coração do Império Lusitano”, afirma.
Para Chiziane, cantar o afro-fado é um acto de reconciliação com a memória.
“O fado tem as suas raízes no sofrimento africano, por isso é meu! Para mim, cantar o afro-fado é resgatar a minha ancestralidade e a alma negra que durante séculos foi espalhada no mundo”, sublinha.

Cultura
Mel Matsinhe entrega “Translúcida, Tilu e o Mar” as prateleiras moçambicanas

A multifacetada artista e escritora moçambicana Mel Matsinhe apresentou recentemente, no espaço Galeria do Porto, em Maputo, a sua mais recente obra literária intitulada Translúcida, Tilu e o Mar.
Logo à chegada, Mel trouxe consigo uma narrativa viva antes mesmo de abrir o livro, o penteado em espiral que usava simbolizava a evolução humana, um lembrete de que o futuro só faz sentido se soubermos olhar para trás.
As conchas que adornavam o seu visual resgatavam a memória da riqueza africana, quando já foram moedas de troca e revelavam uma ligação profunda ao mar, esse espaço de vida e mistério onde cresceu e ainda hoje encontra refúgio.
O evento reuniu personalidades de destaque no cenário artístico e cultural do país, como o dramaturgo David Abílio e a Secretária de Estado das Artes e Cultura, Matilde Muocha, que não esconderam a alegria de testemunhar o nascimento desta nova obra.

Ambos revelaram que acompanham de perto a caminhada da autora e que não se surpreendem com a entrega de um trabalho tão sensível e necessário.
Ainda assim, entre elogios surgiu a questão, estará o mercado preparado para receber uma reflexão desta natureza? Para muitos, o livro deveria contar com maior apoio de marcas e instituições, de forma a impulsionar e envolver o público num debate que valoriza o pensamento africano nas narrativas infantis.
Na sua intervenção, Mel partilhou que este lançamento representa “mais um marco” na sua carreira. Sublinhou também a parceria enriquecedora com Walter Zand, ilustrador responsável por dar cor e vida às páginas do livro. Zand, emocionado, destacou que este foi um dos seus trabalhos mais especiais, não só pela experiência artística, mas pelo privilégio de ter a sua própria filha como “consultora crítica”, era quem dizia se os desenhos estavam à altura de conquistar a imaginação das crianças.
Cultura
BD PALOP revela vencedores da 3.ª edição do concurso de Banda Desenhada

Depois de quase um ano, a BD PALOP revelou os vencedores do terceiro concurso de Banda desenhada, no dia de ontem, 18 de Setembro nos Estúdios da Anima.
Esta edição contou com 700 concorrentes, dos quais apenas nove se destacaram, após serem avaliados por um júri que se sentiu desafiado a encontrar os trabalhos mais originais e criativos. Com o seu traço artístico, estes finalistas conseguiram revelar o melhor de si e mostrar ao mundo o que África tem para oferecer.
Segundo a organização esta foi a edição mais concorrida. Em Moçambique, sobressaíram as obras “Tecnomagia A Resistência dos Khossa”, de Etelvina Helena e Valia Mussuco; “Umbulandi, O Despertador dos Poderes”, de Andressa Jornal e Sancho Guamba; e “Niara”, de Halima Essa e Helder Mendes.

Em Cabo Verde, brotaram das ilhas histórias como “Pidrim”, de Cristiny Roberto e Gilardi; “Dracena Drago”, de Erickson Fortes e Gilda Barros; e “A Família Gilé”, de Cheila Delgado e Merly Tavares.
Já em Angola, mereceram destaque “Mafuta, A Melodia Esquecida”, de Cremildo Fula e Lopes José; “Afro Armagedon”, de Justina Kava e Osvaldo Neto; e “Kianda, Uma História do Mar”, de Maura Maria e Luís Mateus.
Em conversa com o Xigubo, Etelvina Helena não escondeu a sua felicidade e disse sentir-se honrada pela mentoria recebida durante o processo de criação da obra. A argumentista contou que, quando concorreu, não tinha grandes expectativas em relação ao trabalho, mas os resultados superaram tudo.
Já Valia Mussuco encara a trajectória como um verdadeiro desafio, sublinhando que trabalhou com um tema de que gosta, o que lhe permitiu dedicar-se com muito amor.
Segundo a organização, por conta do sucesso desta edição o próximo passo é negociar com o Ministério da Educação para que estes livros sejam incluídos no regulamento escolar, como forma de fazer crescer a arte e incutir nos pupilos o amor pela Banda Desenhada. Para além disso, trabalhos com parceiros, estão a ser feitos para que os trabalhos alcancem mais pessoas.
Cultura
BDPALOP prova que há mercado para a banda desenhada em Moçambique, Angola e Cabo Verde

Na tarde de 18 de Setembro, o Estúdio Criativo Anima, na cidade de Maputo, ganhou outro ritmo. Risos, conversas animadas e olhares atentos enchiam o jardim, onde a iniciativa Banda Desenhada nos PALOP (BDPALOP) apresentou as obras vencedoras do seu terceiro concurso de banda desenhada.
O encontro abriu com um painel de debate que mostrou como a banda desenhada nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) está a conquistar espaço e a ganhar fôlego. Odair Varela, coordenador da iniciativa em Cabo Verde, puxou pela memória e contou que, no início, “só conseguíamos tirar um livro por ano”.
Hoje, sorri com orgulho, “já entregamos mais de dez”. Para o coordenador,, esta terceira edição provou que é possível crescer, corrigir os erros das edições anteriores e colocar no mundo histórias que nascem aqui, com a expectativa de que as formações continuem a elevar a qualidade.
Mesmo num arquipélago com os seus desafios de transporte, Cabo Verde criou um ecossistema para facilitar a distribuição, mostrando que a geografia não é barreira quando há vontade.

Do outro lado do canal de Moçambique, a celebração também é sentida. Fábio Ribeiro, coordenador do projecto a nível global, explicou que esta foi “a edição mais concorrida de sempre”, com 300 candidatos, em comparação com os 70 da primeira edição.
E apesar da pressão para migrar para o digital, trouxe uma revelação, os livros físicos continuam a vender mais. “Ainda não é sustentável, apenas 25% do que produzimos foi vendido, mas os números já mostram que há mercado. Agora é dar mais visibilidade”, reforçou.
As vozes de quem vive o processo deram ainda mais força à mensagem. Halima Essá, bolseira de edições anteriores, sublinhou “Precisamos de escrever mais sobre nós, dizer o que pensamos, para tocar mais pessoas”. Eliana N’Zualo, participante da primeira edição, concordou, “Temos de parar de replicar o que não é nosso. Leitores existem e por isso estamos aqui”.
Para o Hélio Pene, ilustrador e parte da equipa da organização, o futuro da banda desenhada passa por investir em novos talentos.
“É de pequeno que se torce o pepino”, disse com convicção, acreditando que só assim surgirão criações ousadas. No final, nove obras de Moçambique, Angola e Cabo Verde foram lançadas, provando que a BDPALOP já não é apenas um concurso, países e gerações, para transformar a banda desenhada num espelho de histórias.