A multifacetada artista e escritora moçambicana Mel Matsinhe apresentou recentemente, no espaço Galeria do Porto, em Maputo, a sua mais recente obra literária intitulada Translúcida, Tilu e o Mar.
Logo à chegada, Mel trouxe consigo uma narrativa viva antes mesmo de abrir o livro, o penteado em espiral que usava simbolizava a evolução humana, um lembrete de que o futuro só faz sentido se soubermos olhar para trás.
As conchas que adornavam o seu visual resgatavam a memória da riqueza africana, quando já foram moedas de troca e revelavam uma ligação profunda ao mar, esse espaço de vida e mistério onde cresceu e ainda hoje encontra refúgio.
O evento reuniu personalidades de destaque no cenário artístico e cultural do país, como o dramaturgo David Abílio e a Secretária de Estado das Artes e Cultura, Matilde Muocha, que não esconderam a alegria de testemunhar o nascimento desta nova obra.
Ambos revelaram que acompanham de perto a caminhada da autora e que não se surpreendem com a entrega de um trabalho tão sensível e necessário.
Ainda assim, entre elogios surgiu a questão, estará o mercado preparado para receber uma reflexão desta natureza? Para muitos, o livro deveria contar com maior apoio de marcas e instituições, de forma a impulsionar e envolver o público num debate que valoriza o pensamento africano nas narrativas infantis.
Na sua intervenção, Mel partilhou que este lançamento representa “mais um marco” na sua carreira. Sublinhou também a parceria enriquecedora com Walter Zand, ilustrador responsável por dar cor e vida às páginas do livro. Zand, emocionado, destacou que este foi um dos seus trabalhos mais especiais, não só pela experiência artística, mas pelo privilégio de ter a sua própria filha como “consultora crítica”, era quem dizia se os desenhos estavam à altura de conquistar a imaginação das crianças.