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Opinião

Há muita poeira nas premiações da Media Club: Falta de transparência 

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Recentemente, a Media Club realizou uma gala de premiação com o intuito de reconhecer os órgãos de informação e as pessoas que têm feito a diferença no meio da comunicação de massas em Moçambique. 

A princípio, tal iniciativa deveria ser aplaudida, pois celebrar os esforços e conquistas dos profissionais da mídia é essencial para o fortalecimento do sector. No entanto, a edição deste ano levantou um debate fervoroso sobre a transparência e a imparcialidade do processo de atribuição dos prêmios.

Um dos pontos mais criticados foi a aparente falta de envolvimento do público na escolha dos vencedores. À primeira vista, parece que tudo é decidido por um grupo restrito de pessoas, possivelmente com intenções pessoais, sem considerar a opinião do público que é, em última análise, o maior beneficiário e crítico do trabalho. 

Em qualquer premiação, especialmente aquelas que buscam reconhecer esforços em um campo tão dinâmico e vital como a comunicação social, a participação do público é crucial. Eles são os consumidores finais das notícias e das informações, e suas opiniões deveriam ter um peso significativo na escolha dos premiados.

Além disso, a distribuição dos prêmios levantou suspeitas e críticas. A maioria das honrarias foi atribuída a empresas públicas como a Rádio Moçambique (RM) e a Televisão de Moçambique (TVM), com alguns poucos prêmios indo para o setor privado. Isso gerou desconfiança sobre a imparcialidade do processo, levando alguns a questionarem se esses prêmios não são, de fato, uma forma de reforçar e legitimar o domínio das empresas estatais sobre o panorama midiático nacional. A diversidade e a pluralidade são fundamentais em qualquer ecossistema de mídia saudável, e uma premiação que não reflete isso corre o risco de ser vista como tendenciosa.

Nisso, também foram esquecidas outras fontes de informação que fazem parte da mídia, como é o caso dos sites, onde nenhum foi nomeado, algo por rever-se nas próximas oportunidades.

Outro aspecto problemático é a falta de clareza sobre as categorias dos prêmios e os critérios utilizados para a seleção dos vencedores. A transparência nesse sentido é vital para assegurar a credibilidade do processo. Sem informações claras sobre como as categorias são definidas e quais são os objetivos finais da premiação, é difícil para o público e para os profissionais do setor avaliar a justiça e a validade dos resultados. A opacidade só serve para alimentar rumores e teorias da conspiração, minando a confiança na Mídia Club e na premiação em si.

Portanto, é essencial que a Media Club tome medidas para aumentar a transparência e a participação do público em futuras edições de sua gala de premiação. Isso pode incluir a implementação de votações públicas, a divulgação detalhada dos critérios de seleção e a formação de um painel de jurados diversificado e representativo. Somente assim será possível restaurar a confiança na integridade do processo e garantir que os prêmios realmente reflitam as contribuições mais significativas e impactantes para a comunicação de massas em Moçambique.

Em suma, enquanto a intenção de celebrar e reconhecer os profissionais da mídia é louvável, a execução desta ideia precisa ser revisada e aprimorada para garantir que seja justa, transparente e verdadeiramente representativa. Somente assim a gala de premiação da Mídia Club poderá ganhar o respeito e a credibilidade que busca, tornando-se uma celebração genuína das conquistas no setor de comunicação em Moçambique.

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Opinião

Tabasilly é o responsável pelo sucesso de Mr. Bow

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Tabasilly, é uma figura incontornável na construção de carreiras musicais em Moçambique. Entre 2013 e 2015, quando eu colaborava na Rádio Terra Verde, tive a oportunidade de testemunhar de perto a dedicação e generosidade de Taba, características que o tornaram um pilar no sucesso de vários artistas. 

Ele era responsável por levar as músicas do Mr. Bow para a rádio, mas o que mais me impressionava era sua insistência em garantir que as canções de seu amigo fossem tocadas, mesmo quando tinha suas próprias músicas para promover. Esse altruísmo revelou uma faceta rara no mundo competitivo da música: a disposição de impulsionar o talento alheio sem colocar o próprio ego em primeiro plano.

Apesar de insinuações de que Mr. Bow poderia se tornar uma ameaça ao seu próprio sucesso, Taba nunca via isso como um problema. Ele acreditava firmemente que havia espaço para todos brilharem, citando exemplos como Wazimbo, Antônio Marcos, Safira José, Domingas e Belita, e Rosália Mboa, que fizeram sucesso simultaneamente. Esse espírito colaborativo não só ajudou a moldar a carreira de Mr. Bow, mas também influenciou profundamente outros talentos emergentes.

Em 2020, conheci Kay Novela, um jovem talentoso que revelou que, em meio a muitas dificuldades, foi Tabasilly quem o ajudou a subir aos grandes palcos na África do Sul. Graças ao apoio de Taba, Kay conseguiu não apenas visibilidade, mas também estabilidade financeira e contatos valiosos.

O reconhecimento veio em 2020, quando Mr. Bow lançou o álbum *Story of My Life* e presenteou Tabasilly com um cheque de 100.000 MZN, como forma de agradecer por seu papel crucial na construção de seu sucesso. Além disso, foi Tabasilly quem introduziu Mabermuda a King Bow, facilitando colaborações que enriqueceram a cultura musical moçambicana.

Tabasilly não é apenas um músico talentoso, mas também um verdadeiro mentor e construtor de carreiras. Sua generosidade e visão colaborativa têm deixado uma marca indelével na música de Moçambique, abrindo portas e criando oportunidades para muitos artistas brilharem. Sua contribuição é um exemplo de como o sucesso pode ser alcançado não apenas através de talento individual, mas também através de apoio mútuo e solidariedade.

Texto de Mia Tembe

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Opinião

A história do Trio que queria ser uma Fam para sempre

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Nos anos 2000, Moçambique viveu um dos períodos mais vibrantes do rap e os Trio Fam foram um dos grupos mais destacados dessa era dourada.

Formado por Kaus, Cinzel e Kloro, o grupo não apenas marcou o cenário musical, mas também conquistou aplausos e reconhecimento de uma geração.

Antes conhecidos como Rappers Unit, depois Trio Fam, formavam mais do que um grupo de rap. Era uma família, uma “Fam” que transcendia os laços musicais.

As suas faixas falavam da vida nas ruas, dos desafios diários e dos sonhos de uma juventude que buscava o melhor num país como o nosso.

Sob a direcção do icónico DJ Beatkeepa, ex-manager da Track Records, os Trio Fam amplificaram a voz de todos os jovens com intervenções em músicas como “Au Suke” e Respeito Mútuo. Mas também conseguiram agradar a quem gostasse de abordagens mais Egotrip, com os clássicos “Mãos na Cabeça”, “J’yeah J’yeah”, “Continencia”, “Randza”, entre outros.

Mas, como muitas histórias de sucesso, os Trio Fam também tiveram os seus desafios. A parceria de longa data entre Kaus, Cinzel e Kloro, que parecia inquebrável, enfrentou dificuldades inesperadas após Kaus suspeitar que Kloro tinha desviado os fundos da Mukheru Music, que os três membros administravam.

A desconfiança que surgiu a partir desse episódio, criou a dissociação do grupo.
Entretanto, apesar do fim triste, o legado do Trio Fam permanece intocado. Kaus, Cinzel e Kloro, mesmo seguindo caminhos separados, deixaram uma marca inquestionável no hip-hop moçambicano.

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Opinião

A carta que Charles escreveria hoje ao Duas Caras

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Há mais de 10 anos, quando reinavam incertezas sobre a carreira do rapper moçambicano Duas Caras, um super fã do rapper, Charles, decidiu enviar uma carta para expressar a sua insatisfação com a situação

Trata-se de uma carta escrita em tempos longínquos, quando as redes sociais ainda eram novidade, tanto que a mensagem foi enviada por e-mail.

Uma “carta” que tocou o rapper e o inspirou a compor uma música que se tornaria um sucesso, marcando o seu retorno aos holofotes, ao lado de Rui Michael, estrela do rock em Moçambique.

A mensagem do fã foi clara: independentemente do sucesso, continuaria a apoiar o rapper, ignorando qualquer tipo de mudança. Mas e hoje? Duas Caras voltou a mudar, e agora a metamorfose é profunda.

O rapper já não se preocupa em lançar barras; agora o foco são danças e batidas para viralizar no TikTok, Facebook e Instagram, iniciado com a sua aventura pelo estilo Afrobeat, através do som “Fala como Homem, que é assinada pela label Geobek Records.

A verdade é que a sua saída do rap já tinha sido anunciada. A metamorfose começou com Djundava, um álbum que marcou o renascimento do rapper, depois de Duditos Way, que foi o último trabalho de Duas com o teor Hip-hop.

Foi em “Duditos Way” que Duas deu os “props” a todos que o acompanharam enquanto rapper. Neste trabalho, em “Ossos no Baú”, o rapper fez uma introspecção sobre sua carreira no rap moçambicano, mas como não foi Afrobeat, não chegou a todos.

“Não sei se o próximo rei fará melhor que o rei Duas”, diz ele na música, assumindo a passagem do bastão ao próximo rapper.

Ainda neste som, Duas pede que se dê flores aos que fizeram muito pelo hip-hop nacional, com ênfase para os membros da G-Pro, grupo de rap do qual fez parte.

Se Charles tivesse que escrever uma carta hoje, inicialmente, parabenizaria o rapper por ter conseguido lançar o seu primeiro álbum, e mais tarde, Afromatic.

Faria chegar a mensagem de que o “Cu Gordo” já não está como toque de chamada, mas “Gueime” está entre as opções, pois foi essa a resposta do rap ao fã, com a explicação com A+B de cada escolha.

Quando o Karma bate à porta

Desde que se aliou ao Afrobeat, o rapper está a ser atacado de todos os lados, até por rappers que nunca se pensou que o fariam. Parece que não basta ele querer; os rappers também devem querer. Flash Enccy, por exemplo, não fugiu do legado que tem com o rap, de bater de frente, tanto que mandou um “MotherFucker” ao Duas no Festival de Hip-Hop.

Há quem diga que o rapper está apenas a ser versátil ao aliar-se ao Afrobeat, numa versão que lembra bastante Burna Boy.

A questão é uma: sem Duas Caras, o rap moçambicano fica sem rei, apenas com o príncipe Hernâni da Silva Mudanisse.

Se Charles tivesse que escrever a segunda carta, diria ao rapper que não é que os colegas não entendam a sua mudança de estilo, mas é apenas o karma a bater à porta.

Duas Caras foi um dos que se opuseram à versatilidade dos rappers nacionais, esteve entre os que não apoiavam que um rapper dançasse e fizesse Pandza, estilo que não difere tanto do Afrobeat que hoje ele abraça.

Fora a aventura no Afrobeat, o que não se sabe é se Charles concordaria com as ausências de Duas no movimento Hip-hop, concretamente o Rapódromo. Duas criou o Rapódromo e hoje, diga-se de passagem, abandonou-o, passando a responsabilidade para Allan.

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