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Ministério da Cultura francês rende-se a cineasta moçambicana Yara Costa - Xigubo
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Cultura

Ministério da Cultura francês rende-se a cineasta moçambicana Yara Costa

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YARA COSTA

A artista e cineasta moçambicana Yara Costa foi nomeada vencedora do Prêmio Courants du Monde no Fórum Creation África pelo Ministério da Cultura da França, em Paris, no início de outubro.

O prêmio foi concedido a Yara Costa pelo projecto “Nakhodha and the Mermaid”, financiado pelo Fundo Sound Connects (SCF) da Music In Africa Foundation. O Fórum Creation África é voltado para criativos africanos e permitirá que Costa participe de um programa de residência de duas semanas em Paris, em 2024. A residência proporcionará a oportunidade de levar adiante o projeto “Nakhodha and the Mermaid” e colaborar com diversos profissionais da indústria criativa francesa.

“Nakhodha and the Mermaid” é uma instalação de arte imersiva inovadora com 33 minutos de duração que aborda como as populações costeiras africanas, que por séculos mantiveram uma relação harmoniosa com o mar, estão sendo afetadas pelas consequências do aquecimento global. 

O projecto combina sons, cânticos do mar e conhecimento ecológico tradicional enraizado na herança cultural marítima de Moçambique, destacando a ameaça do aumento do nível do mar que poderia destruir comunidades costeiras, culturas e sistemas de conhecimento se o aquecimento global continuar.

Segundo escreveu a Music in Africa, Costa expressou sua surpresa e gratidão pelo prêmio: “Este prêmio do Ministério da Cultura da França foi uma surpresa muito positiva que eu não esperava. Desde a concepção até a execução do projeto, levei cerca de um ano, e graças à bolsa do SCF. É definitivamente encorajador e tranquilizador ver a ideia, a intenção e todo o trabalho árduo reconhecidos em outro lugar, além de obter a oportunidade de levá-lo adiante e desenvolvê-lo ainda mais.”

Katlego Taunyane, líder do projeto SCF, elogiou “Nakhodha and the Mermaid” por seu papel em unir as artes e a mudança climática por meio da tecnologia. Ele afirmou: “Nakhodha and the Mermaid é um projeto emocionante para o Fundo Sound Connects, pois faz uma ponte abrangente entre canções tradicionais, rituais e mudanças climáticas, apresentando tudo isso por meio de tecnologia imersiva de ponta. Isso permite que as histórias dos pescadores tradicionais não apenas sejam arquivadas, mas também distribuídas para públicos ao redor do mundo, além de facilitar a criação de novos mercados para as comunidades locais e artistas.”

Taunyane acrescentou: “A instalação ‘Nakhodha and the Mermaid’ não só despertou interesse significativo em todo o mundo, mas também foi reconhecida internacionalmente no Fórum Creation Africa. 

Este reconhecimento é um testemunho da competência e qualidade que podem ser entregues por esta região do mundo. Ter um projeto apoiado pelo Fundo Sound Connects de uma humilde comunidade insular africana reconhecido internacionalmente pelo uso de tecnologia de primeiro mundo demonstra o valor inquestionável dos investimentos em ICC por parte dos intervenientes no continente.”

O Fundo Sound Connects é uma iniciativa da Fundação Music In Africa (MIAF) e do Goethe-Institut. Ele é possível graças ao financiamento do Programa de Cultura ACP-UE, implementado pelo Secretariado do Grupo dos Estados da África, Caribe e Pacífico (ACP) e financiado pela União Europeia (UE). O fundo também conta com o co-financiamento do Goethe-Institut e da Siemens Stiftung. A distinção de Yara Costa é um reflexo do talento e empenho dos criativos africanos em se destacarem no cenário global das artes e da cultura.

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Cultura

Énia Lipanga participa do III congresso de direitos humanos e povos originários em Brasil 

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Énia Lipanga, poetisa e activista social de Moçambique, viaja mais uma vez para o Brasil como uma das vozes convidadas para o III Congresso de Direitos Humanos e Povos Originários, que acontece em Boa Vista, nos dias 21 e 22 de novembro de 2024. 

No evento, Lipanga une sua perspectiva literária à luta pelos direitos humanos e pela valorização das culturas indígenas, participando no painel “Educação de Minorias” com uma palestra sobre “A liberdade feminina em poesias”.

Com profunda sensibilidade, Lipanga olha a poesia como uma poderosa ferramenta de resistência e expressão. “A liberdade é não apenas um direito, mas uma prática cotidiana de resistência e expressão,” afirma.

Para ela, a poesia abre um espaço essencial para “explorar as dores e as alegrias da luta feminina,” permitindo que mulheres de todas as origens reescrevam suas histórias e “rompam silêncios”. Sua palestra é uma reflexão sobre como a literatura pode transformar o entendimento sobre igualdade e autoconhecimento, em um caminho marcado pela resiliência.

A presença de Lipanga no congresso também é uma oportunidade de ampliar o diálogo entre a literatura moçambicana e o movimento pelos direitos das mulheres. Inspirada pelas obras de figuras icônicas de Moçambique, como Lília Momplé e Noémia de Sousa, Lipanga espera levar à audiência brasileira o contexto histórico e cultural da luta por liberdade em seu país. 

“Quero resgatar essas vozes para que a audiência compreenda que a busca pela liberdade em Moçambique tem raízes antigas e marcantes,” declarou.

Ainda embalada pela energia de sua recente digressão “Composta de Ti(s)” pelo Brasil, onde ministrou palestras e participou de saraus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, Lipanga destacou o impacto dessa conexão intercultural. “Foi uma jornada transformadora, cheia de encontros e trocas que refletem a minha própria história.”

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Cultura

Embaixador do Turismo em Moçambique visita Bazaruto e diz que  é preciso valorizar o que é nosso

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No último sábado, 28 de setembro, o músico e produtor DJ Ardiles, embaixador do turismo em Moçambique, visitou o arquipélago de Bazaruto, na província de Inhambane, onde ficou encantado com o  potencial turístico desta região e saiu com mais certeza de que é preciso valorizar o que é nosso.

Como embaixador de turismo do país, DJ Ardiles acredita que este paraíso devia ser mais explorado pelos moçambicanos e convida a todos a visitarem, porque é do nosso país e devemos sentir orgulho do mesmo. Por isso, o músico pretende continuar a fazer o seu papel de promover este e outros locais turísticos de modo com que todos tenham acesso à informação, conheçam e possam visitar. Na sua visão, valorizar o que é nosso vai desde consumir produtos locais e divulgá-los até tornarem-se comerciais.

Conhecido pelas suas praias de areia branca, águas cristalinas e uma rica vida marinha, Bazaruto é um  destino ideal para mergulho, snorkeling e passeios de barco. Os recifes de corais que cercam as ilhas são lar de uma variedade de espécies marinhas, incluindo peixes coloridos, tartarugas e até golfinhos. Ao visitar este local, DJ Ardiles também reflectiu sobre a importância de se continuar a preservar as diversas espécies marinhas da nossa costa e encorajou o Governo a continuar com o trabalho que tem feito para a conservação das mesmas, assim como o público em geral a fazer a sua parte.

Além das suas belezas naturais, o arquipélago também possui uma rica herança cultural. A interacção com as comunidades locais permite aos visitantes conhecer tradições, a gastronomia e a hospitalidade característica da região.

Segundo DJ Ardiles, o desenvolvimento sustentável do turismo em Bazaruto é crucial para preservar este paraíso, por isso, incentiva também investimentos em infra-estruturas que respeitem o meio ambiente e promovam a conservação dos ecossistemas.

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Fast Food

“Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim”- Mia Couto

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Mia Couto,novo livro

O escritor moçambicano Mia Couto, famoso por suas obras, frequentemente aborda a temática do tempo em suas entrevistas e livros. Para o escritor, o tempo e as idades devem ser encarados como travessias, uma visão que permeia sua produção literária.

Em um curto vídeo recente, Mia Couto expressa seu desejo de atravessar o tempo de maneira distraída, sem se deixar prender por suas limitações. Essa mesma reflexão está presente no poema “O espelho”, escrito em 2006, no qual o autor discorre sobre a perplexidade diante do envelhecimento e como a luz da idade revela nosso verdadeiro reflexo.

Confira abaixo o poema que explora essa temática:

O espelho

“Esse que em mim envelhece  

assomou ao espelho  

a tentar mostrar que sou eu.  

Os outros de mim,  

fingindo desconhecer a imagem,  

deixaram-me, a sós, perplexo,  

com meu súbito reflexo.  

A idade é isto: o peso da luz  

com que nos vemos.”

Maputo, 2006

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