Opinião
Azagaia não morreu ainda vive em nós
Em um país onde a poesia e a música são veículos de expressão tão poderosos, Azagaia emergiu como uma voz destemida, um porta-voz do povo, um rapper cuja paixão pelas palavras e compromisso com a justiça ecoavam através de suas rimas incisivas. Sua presença nos palcos e nas ruas de Moçambique era muito mais do que entretenimento; era uma missão, uma luta pela consciência e pelos direitos de seu povo.
Azagaia sempre se destacou como um defensor das vozes silenciadas. Suas letras eram faróis de esperança para os oprimidos, a clamar por justiça, equidade e igualdade. Enquanto os tempos mudaram e a política assumiu novas formas, o espírito resiliente de Azagaia permanece vivo, ecoando através das gerações.
Nos dias de hoje, em um cenário político repleto de desafios e desilusões, muitos artistas e influenciadores se encontram sob a sombra do cancelamento, medindo cada palavra e acção por medo das represálias. No entanto, em meio a essa turbulência, podemos sentir a presença contínua de Azagaia. Ele nos lembra que a liberdade de expressão e a defesa dos ideais nobres são valores inegociáveis.
À medida que as vozes dissidentes enfrentam desafios, o legado de Azagaia brilha com força renovada. Ele nos lembra que a arte e a música podem ser armas poderosas na luta por um mundo melhor. Seu espírito vive nas canções de artistas que se atrevem a questionar, a desafiar o status quo e a buscar justiça. Em cada verso afiado e em cada ato de coragem, ele está presente.
Embora não possamos mais ver Azagaia nos palcos, sua influência continua a moldar a narrativa do Moçambique contemporâneo. Nas ruas da Matola e Maputo, nas conversas dos cidadãos, nas letras das novas gerações, ele permanece vivo. Azagaia não morreu; ele vive em nós, inspirando-nos a lutar por um mundo mais justo e igualitário. Seu legado é um lembrete de que, independentemente dos desafios, as vozes da verdade e da justiça nunca serão silenciadas.
Opinião
Pfuka u Phanda, um conselho de gerações que continua urgente
“Pfuka U Phanda”, colaboração entre António Marcos e Nelson Tivane, é mais do que uma simples faixa do novo projecto discográfico de Nelson, Lhamula, é um chamado à consciência, um lembrete musical que atravessa gerações.
Ao unir dois artistas de idades e trajetórias diferentes, a música transforma-se num diálogo intergeracional que reforça valores que nunca perdem validade, acordar, mover-se e fazer acontecer.
A força da música está na forma como combina melodias cuidadosamente escolhidas com uma letra directa, quase paternal. Ambos os artistas recordam que nada se conquista parado, que o sucesso não é fruto do acaso, mas sim de esforço contínuo, disciplina e coragem para enfrentar obstáculos.
No fundo, “Pfuka U Phanda” deixa um conselho simples, mas necessaria “não há resultados sem acção”. Segundo os autores, lamentar não muda a realidade, dormir sobre os problemas não os resolve, é preciso levantar, trabalhar, procurar caminhos e criar oportunidades, mesmo nos dias difíceis.
Opinião
Zakaza, o som que se calou: Reforma ou morte?
O nosso patrão da música moçambicana, MC Roger, era conhecido por todos como o “Rei do Verão” o artista que anunciava a chegada da estação mais quente em Moçambique com músicas que enchiam praias, festas e marginais.
Mas este ano, aliás nos últimos tempos, estranhamente, está em silêncio. Não há faixa que celebre o sol, o calor, o ritmo da festa, nada de anúncio do “verão chegou” nem um Zakaza de surpresa.
O vazio desse palco fez-me perguntar que aconteceu ao nosso Rei do Verão? Sera que alguém se negou a abrir as portas ao patrão e ele não passou?
Fui pesquisar e vi os sinais de mudança quando percebi que nas suas redes sociais deixou de exibir batidas e danças para o calor, mulheres a cair na piscina, e passou a trazer imagens de cerimónias, eventos institucionais e figuras políticas.
O fato, gravata e sapatos que brilhavam, agora sobem outras escadas e as portas com fechaduras de ouro são abertas para entrar em lugares cheios de “excelências”, “todo protocolo” e “no que tange”.
Para mim, ele resolveu morrer para a música matar sua carreira para mudar renascer como agente de influência, com uma faceta mais patriótica ou política.
Agora, o artista que antes trazia “sol, festa e calor” parece ter aceitado outros ritmos e outras plateias. Isso não é necessariamente mau, mas deixa um vazio entre quem esperava a sua batida anual e quem agora vê um rosto mais voltado para o poder, o palco político.
Assim sendo, volto a dizer, Mc Roger morreu para a música. Eu já não conto com ele.
Opinião
Facebook matou Fred e roubou a coroa
Desde que o Facebook tornou-se um fenómeno, a informação circula de forma mais rápida. Com isso, desapareceram os tempos em que aguardávamos ansiosamente por programas televisivos para nos actualizarmos sobre as novidades do país.
Recordo-me de esperar até às 15 ou 16 horas para assistir ao “Atracções” na TV Miramar, na expectativa de um “beef” que Fred Jossias havia preparado. Às vezes, ele nem chegava a revelar tudo, mantendo-nos em suspense até ao dia seguinte. Nos geria uma semana com o mesmo beef, apenas nos alimentando com o cheiro.
Naquela época, como talvez o único corajoso detentor daquela informação, Fred comportava-se como a última bolacha do pacote, a única coca do deserto, o rei de tudo, e nós, meros mendigos do seu “beef”.
Porém, as redes sociais, especialmente o Facebook, acabaram com esse privilégio, uma vez que as informações correm muito rápido e são partilhadas sem muito medo de perseguições, pois alguns utilizam perfis anónimos, como é o caso do Unay que, inegavelmente, tirou o poder a Fred pois antes de sair do activo, era onde as pessoas iam para saber dos novidades mais quentes e íntimas dos artistas e não só.
Além disso, agora o telemóvel com câmara e internet tornou-se quase que acessível a todos, daí que factos que antes apenas podiam ser cobertos e revelados por uma parte, agora todos podem.
Daí que, se Fred demorar com uma informação, corre o risco de ter outra pessoa já a falar sobre isso no Facebook, o que tira a sua arma poderosa: fazer as pessoas esperar.
O que notamos agora é que o rei virou um peão, também fica à espera de um escândalo na internet para poder comentar e gerar sensacionalismo em cima disso.